Olimpíada é marcada por operações de segurança letais e repressão a protestos, diz a Anistia Internacional

Foto: EBC
Foto: EBC

A Anistia Internacional apresentou nessa quinta-feira (15) o balanço “Legado de Violência: homicídios pela polícia e repressão a protestos na Olimpíada Rio 2016”, detalhando violações de direitos humanos no campo da segurança pública registradas na cidade olímpica durante a realização dos Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro. 

Na publicação, a Anistia Internacional questiona o legado deixado pelos Jogos Olímpicos para a cidade no campo da segurança pública. “O dossiê de candidatura da Olimpíada 2016 prometia uma cidade ‘segura para todos’. No entanto, violações de direitos humanos persistiram na repressão aos protestos e no aumento dos homicídios em operações policiais nos meses que antecederam os jogos e durante o evento esportivo em si”, diz a organização em nota.

“É espantoso que as autoridades brasileiras e o Comitê Olímpico afirmem que a estratégia de segurança da Rio 2016 foi um sucesso. As forças policiais foram um agente provocador da violência, deixando um rastro de dezenas de mortos e feridos, além de inúmeras denúncias de abusos como invasões de domicílio, ameaças diretas e agressões físicas e verbais a moradores de favelas e periferias”, critica Atila Roque, Diretor Executivo da Anistia Internacional.

Segundo a organização, representantes do Comando Geral da Polícia Militar do RJ afirmaram que os números iniciais consolidados pela polícia indicam que 12 pessoas foram mortas como resultado de operações policiais na cidade do Rio entre 5 e 21 de agosto e que outras 44 pessoas foram mortas em eventos onde as forças de segurança não estavam envolvidas. A Polícia também relatou à organização que, durante os Jogos Olímpicos, esteve envolvida em 217 confrontos (tiroteios) durante operações de segurança no estado do Rio. A lógica da guerra e as operações de segurança fortemente armadas também colocam os agentes públicos em risco. Pelo menos dois policiais foram mortos em serviço na cidade nos primeiros dez dias da realização dos jogos.

“A maior lição que podemos e devemos tirar da promoção da Olimpíada no Rio é que este modelo de megaevento realizado às custas de violações de direitos humanos como remoções e abuso policial não é aceitável ou bem-vindo em cidade alguma do mundo. Não faz sentido promover medidas que beneficiem apenas uma parcela da população, enquanto outros cidadãos sofrem os impactos negativos da realização dos Jogos”, diz Roque. “No campo específico da segurança pública, a cidade do Rio de Janeiro perdeu uma oportunidade histórica de avançar para erradicar a prática de execuções e mortes em operações policiais e garantir o direito à vida de todos os cariocas”.

 


Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.