Ao decretar estado de calamidade pública na sexta-feira (17), o governador em exercício do Rio de Janeiro, Francisco Dornelles, afirmou temer um “total colapso na segurança pública, na saúde, na educação, na mobilidade e na gestão ambiental”. O estado tem um déficit de R$ 19 bilhões e, se fosse uma empresa, teria pedido falência. Em socorro, o Governo Federal publicou medida provisória que encaminha R$2,9 bilhões à segurança durante os jogos.
Na tarde desta terça-feira (28), o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, esteve em São Paulo ao lado do governador do estado, Geraldo Alckmin, para firmar um plano de cooperação técnica em segurança e defesa nacional na Olimpíada, acompanhado de secretários.
Segundo Moraes, após trâmites jurídicos e legais para o recebimento do dinheiro, “não haverá nenhum problema” de segurança. “Com a liberação do dinheiro todas essas pendências serão solucionadas e as polícias do Rio de Janeiro vão atuar normalmente”, garantiu o ministro.
As polícias do estado do Rio de Janeiro são conhecidas historicamente pela alta letalidade em operações policiais. Entre 2006 e 2015, de acordo com dados do Instituto de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro, cerca de 8 mil pessoas foram mortas em operações policiais. Apenas na capital fluminense foram mais de 4.700 vidas nesse período. Um relatório da Anistia Internacional aponta que “645 pessoas foram mortas durante operações policiais no estado do Rio de Janeiro, sendo que 307 delas foram mortas na capital. Isso representa um aumento de 11,2% no estado em comparação com 2014. A maioria das vítimas fatais durante operações policiais é de jovens negros”.
Na segunda-feira (27), policiais civis e delegados fizeram uma paralisação contra os atrasos nos salários, a menos de 15 dias da chegada das delegações ao Brasil. Marcelo Valença, professor do departamento de Relações Internacionais da UERJ, alerta para as consequências de tentar se manter uma situação de normalidade sustentada apenas durante as Olimpíadas. Para ele, depois virá “uma conta altíssima a ser paga pelos cidadãos”.
Violações de direitos humanos nas Olimpíadas do Rio
Também nesta terça-feira (28), as organizações da sociedade civil Conectas, Justiça Global, Artigo 19 Brasil e ISHR (Serviço Internacional de Direitos Humanos, em tradução livre) denunciaram, no Conselho de Direitos Humanos da ONU, em Genebra, as arbitrariedades e violações cometidas no Brasil por conta dos preparativos de grandes eventos esportivos internacionais. Em nota, denunciam que “desde 2009, mais de 77 mil pessoas foram removidas à força de áreas consideradas de alto valor imobiliário (por conta dos Jogos Olímpicos). Durante os jogos, seis favelas serão ocupadas pelo exército e eventuais detidos por soldados serão submetidos a tribunais militares, sem acesso a um julgamento civil, como o restante da população”.
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