Palestrantes falaram sobre inclusão das classes baixas

Para qualquer grande empresa é impossível ignorar atualmente os milhões de consumidores que entraram com força no mercado, com a ascensão de um grande número de brasileiros das classes baixas para a classe média nos últimos anos. Se isso é algo muito claro, mais complexo é saber quais os melhores métodos para entrar nesse mercado, unindo investimentos, parcerias, trabalhos com as comunidades e uma visão sustentável.

Foi essa a ideia principal que permeou as quatro intervenções do debate “Projetos Inovadores para ganhar mercado e atender às necessidades da base da pirâmide”, no encontro Inovação: Novas Forças do Mercado Brasileiro, realizado pela Seminários Brasileiros, no qual os palestrantes apresentaram as medidas adotadas por algumas grandes empresas para se adequar à nova realidade nacional.

[nggallery id=16035]

Segundo Rodrigo Fonseca, chefe de gabinete da presidência da Finep, “podemos pensar um futuro para o país com mais ambição, clareza e gosto. Dados mostram uma mobilidade social fantástica, mas ainda há 40 milhões de pessoas fora desse novo modelo de desenvolvimento. Há muito que se comemorar, mas há muito o que fazer”.

Para Fonseca, a conexão entre inclusão, sustentabilidade e tecnologia deve ser melhor formulada, e as empresas estão cada vez mais se dando conta disso. Nessa linha, ele diz que é fundamental pensar o desenvolvimento tecnológico junto com as comunidades.

Para exemplificar, Fonseca deu alguns exemplos de ações desenvolvidos pela Finep, como a parceria para melhorar a produção de caju no Rio Grande do Norte, os trabalhos com habitação e saneamento etc.

O segundo palestrante, Nabil Kadri, assessor da presidência do BNDS, afirmou que as empresas ainda estão assimilando a entrada de 40 milhões de pessoas na classe média, mas que já há grandes mudanças nas iniciativas no país. “A sociedade se mobilizou pela agenda da inclusão. O tema se tornou pauta”, disse.

Ele ressaltou algumas mudanças no cenário geral do país. “O Brasil conseguiu consolidar sistemas universais de serviços públicos, mesmo que ainda tenham muitos problemas”. Ele falou também da mudança na relação de forças entre empregados e empregadores com os novos 20 milhões de trabalhadores com carteira assinada, além do reposicionamento das empresas quanto à sua responsabilidade social.

“Nesse contexto o BNDS mudou sua atuação direta na área social. Nunca o “S” [de Social] foi tão grande quanto hoje. Para atuar no pais todo criamos parceiras, como com a Fundação Banco do Brasil”. Por trás de todo o trabalho do banco, ele ressalta também a necessidade de um respeito pela diversidade brasileira, que deve ser compreendida em sua complexidade.

Pedro Massa, gerente de negócios sociais da Coca-Cola e terceiro palestrante da mesa, defendeu a estratégia e a visão da multinacional.  “A Coca é vista como o líquido negro do capitalismo, e as pessoas estranham que a gente esteja fazendo algo social. Mas fazemos, e não é por puro marketing. Se eu uso toda a minha cadeia toda pra ajudar as comunidades, estou criando valores junto a eles”, disse Massa. Ele defende ainda que o projeto da empresa é um modelo de negócio, não de filantropia. “Filantropia era feita por culpa, por pressão. Mas não é algo sustentável.”

Por fim, Segundo ele, com a migração de milhões de pessoas das classes D e E para a classe C, surge uma grande oportunidade de negócios, já que as famílias passam a consumir, em média, 30% a mais. “A base é fazer do consumidor um parceiro.”

O último palestrante, o gerente de novos mercados da AES Eletropaulo, José Cavaretti, começou  falando sobre o modelo criado para levar energia para as favelas de São Paulo. Segundo ele, foi fundamental entender quem são os novos clientes e saber como manter uma relação com as comunidades, através de um diálogo eficaz.

Cavaretti falou também sobre a resistência às mudanças de métodos que pode haver dentro das próprias empresas, já que surge  uma necessidade de encontrar jeitos não convencionais de atuar. “A própria Eletropaulo foi o maior problema, afinal, como você chega e tenta mudar um modelo que vem de décadas, falando que ele não funciona?”

Concluindo a ideia geral da mesa, o palestrante finalizou: “Hoje em dia não dá para ser convencional, nem no setor de energia, que é super tradicional.”

Leia mais

“A classe baixa exige qualidade”, diz Luiz Ros
“Base da pirâmide cresce em taxas chinesas”, diz Luciana Aguiar


Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.