PM ignora força-tarefa e atrapalha investigações de chacina

Foto: Reprodução/ Twitter
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De acordo com informações da Folha de S. Paulo, toda a ação da Corregedoria da Polícia Militar de São Paulo contra 19 suspeitos de participar da chacina de Osasco e Barueri aconteceu sem o conhecimento dos integrantes da força-tarefa de investigação montada pela Polícia Civil. O grupo de mais de 50 policiais, investigadores e delegados foi criado pelo governador Geraldo Alckmin jusamente para tratar de forma exclusiva dos assassinatos.

No último fim de semana, entre a sexta (20) e o sábado (21), a Polícia Militar apresentou pedidos de busca e apreensão contra 18 policiais e um segurança particular suspeitos de envolvimento na chacina. Os pedidos foram atendidos pelo Tribunal da Justiça Militar e, desta forma, a Corregedoria conseguiu apreender objetos que podem esclarecer os fatos da noite violenta. Contudo, tudo isso aconteceu sem qualquer conhecimento dos integrantes da força-tarefa da Polícia Civil.

A atitude dos militares teria criado uma situação hostil dentro da força-tarefa, já que, na visão deles, a ação da Corregedoria alertou os suspeitos e pode ter atrapalhado as investigações. Segundo informações do jornal, os policiais da força-tarefa só ficaram sabendo das buscas realizadas pela PM quando a mídia noticiava as ações. Outra questão importante é que, até agora, a Polícia Civil desconhece o que foi apreendido nas operações.

Para os policiais entrevistados, a Corregedoria não deveria ter tomado decisões sem consultar a força-tarefa, até por uma questão de competência, já que a investigação dos crimes compete exclusivamente a Polícia Civil. Como foram crimes contra a vida, os pedidos de busca e apreensão deveriam ter sido feitos na Justiça comum.

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O próprio Secretário de Segurança Pública do Estado de São Paulo, Alexandre de Moraes, disse, em entrevista coletiva um dia após a chacina, que “a Polícia Militar não investiga. A polícia judiciária é a Polícia Civil. A corregedoria vai auxiliar nas investigações se houver algum indício, porque a Polícia Civil é quem realiza a investigação.”

Uma questão importante no caso é a mudança repentina nos tribunais. Antes de analisar o processo, o promotor que atua no caso pediu para que os autos fossem enviados à Justiça de Osasco, pois a competência seria da 1ª Vara do Município. O juiz Luiz Alberto Moro Cavalcante, que atuava no caso desde o início, aceitou o pedido do promotor e direcionou o processo para Osasco.

Em poucos momentos, porém, tudo mudou de novo. O juiz reverteu sua decisão de encaminhar os autos para Osasco e decidiu mante-lo na Justiça Militar. Cavalcante não explicou as razões de ter mudado de ideia novamente, e, logo depois, deixou o caso, que agora está sendo analisado pelo juiz substituto, Dalton Abranches Safi.

Mais uma “confusão” nos tribunais aconteceu na quarta-feira (26). A juíza Elia Kinosita, da 1ª Vara do Júri de Osasco, negou pedido da Polícia Civil para prender o soldado da Rota Fabrício Eleutério. Contudo, o mesmo pedido, feito posteriormente pela Polícia Militar, foi acatado pela Justiça Militar. 

Outra reportagem da Folha de S. Paulo mostra bem o racha nas instituições por conta da atuação da Polícia Militar. Em entrevista ao jornal, a porta-voz dos delegados da Polícia Civil de São Paulo, Marilda Pansonato Pinheiro, disse que as provas podem ter sido comprometidas pois a PM “atropelou” as investigações. “Houve uma quebra daquilo que foi acordado. A investigação é técnica. Ela não é feita pelo atropelo. Essa afoiteza da PM certamente comprometeu o trabalho e interrompeu uma linha de investigação”, disse a delegada ao jornal.


Comentários

2 respostas para “PM ignora força-tarefa e atrapalha investigações de chacina”

  1. Governador de São Paulo, é Geraldo Alckmin .ainda e tempo de colocar a policia federal no caso . a justiça federal vai atual da forma certa e vai prende todos os envolvidos

  2. Avatar de Welbi Maia Brito
    Welbi Maia Brito

    Os responsáveis pela chacina são bandidos. Independente se usam farda ou não. No entanto, não podemos generalizar, a Polícia Militar de SP tem mais de 100 mil pessoas, em sua maioria, honestos e honrados. O governo de São Paulo tem tomado todas as medidas para elucidar o crime. A força-tarefa criada pelo governador Geraldo Alckmin parece que já começou a esclarecer o caso.

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