A Polícia Militar (PM) executou nesta quarta-feira (4) uma ação de reintegração de posse na área conhecida como Parque Augusta, na região central da capital paulista. O terreno de um antigo colégio foi comprado por duas empreiteiras, que pretendem construir um empreendimento imobiliário. Ativistas ocupavam o local, onde existe um bosque, para reivindicar a criação de um parque. Após a desocupação, os manifestantes seguiram em passeata até a prefeitura de São Paulo.
Por volta das 6h, a PM chegou ao local para cumprir a ordem do juiz Gustavo Coube de Carvalho, da 5ª Vara do Foro Central Cível, em favor da Albatroz Investimentos Imobiliários e da Flamingo Investimentos Imobiliários. Os manifestantes, que passaram a noite no local, resistiram, no primeiro momento, mas acabaram saindo pacificamente. Durante a operação, os policiais cercaram toda a região, impedindo a passagem de pedestre e de automóveis nas ruas Caio Prado e Marquês de Paranaguá.
O iluminador Paulinho Fluxus é um dos ativistas que protestavam no parque. Ele chegou a subir numa árvore como forma de resistir à reintegração. Paulinho conta que passou a noite no local e só decidiu sair com a promessa de que o grupo será recebido pela vice-prefeita, Nádia Campeão. “A gente queria um posicionamento para que o parque continue aberto”, ressaltou. Os manifestantes querem que o acesso ao bosque seja mantido enquanto é decidido o destino do terreno.
Mesmo com a possibilidade de uma ação coercitiva da PM pela manhã, Paulinho disse que a vigília durante a noite foi tranquila. “É muita gente que se gosta e com muito ânimo. Não era um clima de medo, apesar de todo o aparato que tenta imprimir isso”, disse, apontando para os policiais que acompanhavam a passeata em direção à prefeitura.
Um projeto para criação do parque foi aprovado em 2008, mas acabou não sendo levado adiante pela prefeitura. No final de janeiro deste ano, o Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo aprovou um outro projeto em que o bosque seria preservado, mas também seriam construídas três torres do uso misto no local. Essa segunda proposta desagrada aos movimentos que reivindicam a criação do Parque Augusta.
No mês passado, o prefeito Fernando Haddad cogitou ser possível usar o dinheiro recebidocomo indenização de bancos estrangeiros para a construção do parque. O prefeito ressaltou, entretanto, que isso dependeria da “viabilidade jurídica” do projeto. O UBS Zurique e o Citibank, de Nova York, vão pagar juntos US$ 25 milhões em um acordo por terem movimentado recursos desviados pelo ex-prefeito Paulo Maluf na gestão 1993-1996.
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