Policia Federal acusa Samarco de violar limites de represa

O documento mostra que a leitura de equipamentos que medem o nível de água da represa estava dez dias atrasado. Foto: EBC
O documento mostra que a leitura de equipamentos que medem o nível de água da represa estava dez dias atrasado. Foto: EBC

Indiciamento da Polícia Federal aponta que a Samarco ampliou acima do limite a barragem do Fundão, que rompeu em Mariana (MG) e deixou 17 mortos e dois desaparecidos. O documento mostra que a leitura de equipamentos que medem o nível de água da represa estava dez dias atrasado.

O jornal Estado de S.Paulo teve acesso a documentação assinada pelo delegado Roger Lima de Moura, chefe da equipe que investiga o rompimento da barragem. Além da mineradora, a Vale (controladora da Samarco), o ex-presidente da empresa Ricardo Vescovi e outros seis executivos e técnicos foram indiciados.

Segundo os delegados responsáveis pela investigação, funcionários da Samarco que prestaram depoimento afirmaram que o chamado altealmento anual da empresa chegava a até 15 metros por ano. O alteamento é a elevação da contenção da represa para que seja possível acrescentar mais rejeitos de minério de ferro.

Ainda segundo o indiciamento, a última leitura do volume de água na barragem, que em quantidades acima do peso permitido podem causar ruptura, foi feita em 26 de outubro, dez dias antes da tragédia. O coordenador técnico de planejamento e monitoramento da Samaraco, Wanderley Silvério Silva, indiciado no caso, afirma que a empresa fazia uma leitura semanal e que desde agosto, as obras feitas na barragem interferiram no funcionamento dos equipamentos.

Para a Polícia Federal, a prática da Samarco era e de “aumento de produção mineral sem o desenvolvimento simultâneo de um plano para lidar com os rejeitos de forma segura”. A PF afirma que existem contradições entre os depoimentos apresentados. Em nota, a Samarco diz que a informação de que o alteamento da barragem estava acima do permitido não procede.

Mais um processo

O Ministério Público da região de Ponte Nova (MG) acionou a Justiça com uma ação civil pública contra a Samarco e suas controladoras, Vale e BHP Billton, pedindo a pagamento de indenização a vítimas da tragédia nos municípios de Barra Longa, Rio Doce e Santa Cruz do Escalvado.

A ação pede a condenação das empresas ao pagamento por dano moral coletivo no valor mínimo de R$ 500 milhões e mais R$ 5 bilhões por “dano social punitivo”. A ação pede ainda a indisponibilidade de bens das empresas no valor de R$ 1 bilhão em dinheiro.

Conforme os promotores, o total de atingidos na região seria de 1.350 pessoas. Com o valor requisitado seria possível pagar até R$ 200 mil em danos morais individuais e até R$ 400 mil para cobertura de bens materiais e famílias.  

  


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