Presença majoritária de patrocinadores privados

<b>1</b> PREVI Do total de fundos de previdência privada, a Previ, como é conhecida a Caixa de Previdência dos funcionários do Banco do Brasil, é o mais antigo e também o maior tanto pelo tamanho do patrimônio administrado como pelo número de participantes. O fundo de pensão foi criado em 1904, com o nome de Caixa de Montepio dos Funcionários do Banco da República do Brazil, com 52 associados. Até 1977, funcionava apenas como um Departamento do Banco do Brasil, com uma estrutura bem mais simples. Somente a partir da Lei 6.435, de 15 de julho de 1997, que criou o Sistema de Previdência Complementar Fechado, e exigiu que as entidades e suas patrocinadoras passassem a ter contabilidade e administração distintas, a Previ passou a operar com uma estrutura autônoma. A Previ é também o maior fundo de pensão da América Latina e o 25º do mundo em patrimônio.

De acordo com os dados da Associação Brasileira de Entidades Fechadas de Previdência Complementar (Abrapp), o patrimônio administrado pela Previ alcançou R$ 145,7 bilhões, de um bolo total de R$ 514 bilhões. O fundo possui 88,8 mil participantes ativos e mais 86,8 mil participantes assistidos (os que já recebem os benefícios). O ano de 2010, conforme informações da Previ, fechou com uma rentabilidade de 12,31%, acima da meta atuarial de 12,23%.

Entre os pontos de destaque em 2010, a Previ ressaltou o início de negociações como a aliança industrial entre as companhias Oi e Brasil Telecom e também o fato de ter exercido o seu direito de preferência na subscrição de ações do Banco do Brasil, em julho passado. Isto permitiu que a Previ mantivesse inalterada a sua participação acionária no BB de 10,37%. Também exerceu direito de preferência no processo de capitalização da Petrobras, com um aporte de R$ 2,1 bilhões.

Segundo o presidente da Previ, Ricardo Flores, o papel do fundo como indutor da economia brasileira “é fundamental”. “O cenário de crescimento econômico e social que o Brasil experimenta hoje acaba por se traduzir em fortes oportunidades de investimento para os fundos de pensão. A nossa inserção nesse contexto é mais que fundamental”, afirma.

Ele diz que o compromisso de pagamentos de benefícios atuais e futuros a seus associados “impõe aos fundos de pensão a busca contínua por investimentos com garantia de bons retornos no médio e longo prazos”.

Segundo Flores, a competência dos técnicos da Previ está voltada para a busca de oportunidades de investimentos. “A atuação dos fundos de pensão enquanto indutores da economia nacional deve estar pautada por uma política de investimento responsável do ponto de vista social e ambiental. Essa é uma questão crucial que está diretamente ligada ao caráter de perenidade da atividade dos fundos. Investir sob a égide da responsabilidade socioambiental é premissa básica para quem tem compromissos a honrar no longo prazo”, define.

<b<2</b> PETROS A Fundação Petrobras de Seguridade Social (Petros) começou a funcionar como uma entidade privada de previdência em 31 de março de 1970, antes mesmo de a Lei 6.435, de 15 de julho de 1977, determinar a separação dos fundos de previdência de suas patrocinadoras. Atualmente, é o segundo maior do Brasil e o primeiro em multipatrocínio. A Petrobras é a maior patrocinadora da Petros, respondendo também pelo maior número de participantes contemplados pelos planos da fundação.

Em 2010, ano em que completou 40 anos de existência, a Petros alcançou resultado recorde – o superávit acumulado de R$ 3,8 bilhões, encerrando o ano com um patrimônio total de R$ 55,6 bilhões, segundo informações da fundação. Em 2010, a Petros atingiu 16,65% de rentabilidade superando com folga a meta atuarial fixada em 11,92% para exercício do ano.

Para a Petros, estes números são o reflexo de uma política de investimento de sucesso, que teve início em 2008. Neste período, houve uma migração dos ativos de renda fixa para a renda variável. A operação se consolidou no ano passado com o aumento de participações em empresas do setor produtivo. Em 2008, a renda variável correspondia a 23,4% do portfólio. Hoje o montante da carteira de renda variável, somada aos investimentos estruturados, totaliza cerca de 42%.

A Petros fechou 2010 com 144,2 mil participantes de 46 planos, que atendem 118 patrocinadoras e instituidores de diversos segmentos. Petroleiros, médicos, dentistas, jornalistas, artistas, atuários, administradores, entre outros profissionais têm planos administrados pela fundação. A Petros informou, por meio de sua assessoria, que pesquisa realizada em 2010 revelou que o índice de satisfação dos participantes atingiu 83%, dez pontos percentuais mais do que o verificado no ano anterior.

O documento sobre a política para investimentos no período de 2011 a 2015 informa que a Petros pretende dar continuidade à ampliação da parcela de investimentos lastreados em risco de crédito privado, reduzindo a parcela dirigida a títulos públicos, aproveitar as possíveis oportunidades de mercado no segmento de renda variável.

Também informa que a Petros poderá ampliar os recursos em fundos de participações (FIP), tipo private equity, e Fundos Mútuos de Investimentos em Empresas Emergentes (FMIEEs), tipo venture capital. A avaliação da Petros é de que as expectativas são positivas para manter a estratégia de revitalização da carteira imobiliária, através da venda de imóveis onde o custo de gestão e expectativa de retorno não são adequados.

<b>3</b> FUNCEF A Funcef, o fundo de previdência dos funcionários da Caixa Econômica Federal, administra um patrimônio de R$ 40,1 bilhões para pagar os benefícios de 76,7 mil participantes ativos e 32,6 mil participantes assistidos. A Funcef foi criada em julho de 1977 e é o terceiro maior fundo de pensão do Brasil e um dos maiores da América Latina.

O relatório de atividades da Funcef de 2010 mostra que nos últimos anos, com a mudança nas normas prudenciais, houve um expressivo deslocamento das aplicações em direção a uma maior exposição a ativos ancorados na economia real. Essas medidas permitiram que a Funcef ampliasse sua presença em diferentes setores econômicos.

De acordo com o relatório, a maior parte das aplicações da Funcef foi destinada ao setor de energia, com 25,26% do total. Também merecem destaque, nas aplicações da Funcef, os investimentos em telecomunicações (com 13,10% do total), logística (13,53%) e infraestrutura (14,81%)
O relatório cita os seguintes destaques de investimentos em 2010: parceria estratégica firmada entre o Grupo Oi e a Portugal Telecom; a adesão da primeira concessionária ferroviária do Brasil – a ALL – às regras do Novo Mercado da BMF&Bovespa, o crescimento da Invepar, com a incorporação da concessão da rodovia BA-093; aquisição das ações da Concessão Rio-Teresópolis (CRT); e a captação de empréstimo de longo prazo junto ao BNDES para a Concessão da Rodovia Raposo Tavares (Cart).

<b>4</b> FUNDAÇÃO CESP Quarto maior fundo de previdência privada que opera no país e o maior deles com patrocinadora do setor privado, a Fundação Cesp foi fundada em 1969 e opera atualmente com a administração de um patrimônio de R$ 18,0 bilhões, destinados a garantir o benefício a 17,8 mil participantes ativos e 29,7 mil assistidos. A Fundação Cesp trabalha com 14 empresas patrocinadoras.

Segundo o diretor de investimentos da Fundação Cesp, Jorge Simino, mesmo com número de participantes assistidos maior que o de participantes ativos, a entidade tem conseguido registrar superávits em suas contas. Em 2008, informa ele, houve déficit por conta da crise financeira internacional. Em 2009 e 2010, porém, segundo ele, a Fundação retomou a obtenção de superávits. No ano passado, a entidade registrou superávit de R$ 546,9 milhões acima da meta atuarial.

O diretor atribui o bom desempenho financeiro da Fundação aos investimentos realizados com o patrimônio. Em média, a Fundação Cesp distribui suas aplicações em renda fixa (70%), renda variável (24%), carteira imobiliária (4%) e em empréstimos aos participantes.
Para os próximos meses, na avaliação do diretor, o cenário para investimentos causa preocupação. Na área internacional, a atenção dos investidores se volta para a queda dos preços das commodities. No cenário interno, a preocupação é com a inflação. “A esperança é que, se ficar patente que o diagnóstico do Banco Central for correto e a inflação convirja para o centro da meta e que a desaceleração não será tão expressiva, possa haver uma mudança na expectativa dos investimentos”, disse.

Este ano, a Fundação Cesp conquistou pelo segundo ano consecutivo o prêmio de Melhor Fundo de Pensão Brasileiro (Pension Fund Of The Year Brazil), concedido pela revista Londrina World Finance. A fundação ressalta que, mesmo com a instabilidade econômica, a entidade registrou superávit em 2010: foram R$ 546,9 milhões acima da meta atuarial.

<b>5</b> VALIA A Fundação Vale do Rio Doce de Seguridade Social (Valia) – o fundo de pensão dos empregados da Vale – foi criada em março de 1973, iniciando suas atividades com 10,9 mil participantes. Hoje, conta com 39 patrocinadores, 69,6 mil participantes ativos e 20,8 mil participantes assistidos, conforme os dados da Abrapp de abril de 2011. A Valia opera com cinco tipos diferentes de planos de previdência para seus associados. O patrimônio administrado da Valia está estimado em R$ 13,2 bilhões.

De acordo com informações do diretor de Investimentos e Finanças da Valia, Maurício Wanderley, os investimentos da entidade “vêm apresentando retornos consistentes ao longo dos últimos anos, superando com folga sua meta atuarial, medida pelo INPC, mais 6% ao ano”.
Segundo ele, o retorno médio da fundação nos últimos dez anos é de 20,55% ao ano, enquanto que a valorização média da meta atuarial no mesmo período foi de 13,45% ao ano. Isso tem possibilitado que a Valia acumule superávit nos últimos anos.

O patrimônio administrado da Valia saltou de R$ 3,74 bilhões em 2001 para R$ 14,2 bilhões em 2010. Os investimentos da Valia distribuem-se entre renda fixa, renda variável, investimentos estruturados, imóveis e empréstimos.

<b>6</b> ITAUBANCO Com um patrimônio administrado de R$ 11,7 bilhões, e um total de 27,4 mil participantes ativos e 6,8 mil assistidos, a Fundação Itaubanco foi criada pelo Banco Itaú em 1960 e autorizada a funcionar pelo Ministério da Previdência e Assistência Social em 1979. Além dos funcionários do Banco Itaú, a entidade conta com patrocinadora outras empresas coligadas do grupo. Em 2010, a área de investimentos da Fundação Itaubanco avaliou que a opção por aplicações em renda fixa garantiu excelentes frutos. A fundação manteve as aplicações em renda variável um pouco abaixo do ponto médio das carteiras – no perfil conservador.

<b>7</b> IBM Instituída em 1980, a Fundação IBM administra hoje um patrimônio de R$ 3,9 bilhões e possui 14,2 mil participantes ativos e 1,2 mil assistidos. Diante da crise financeira mundial de 2008, a fundação optou por uma gestão cautelosa dos recursos, concentrado suas aplicações em fundos de renda fixa. Em 2009, a entidade registrou superávit de R$ 218,5 milhões.

A fundação tem apenas a IBM como patrocinadora e opera com dois tipos de planos. Conforme os dados da fundação, o Plano BD fechou 2010 com patrimônio de R$ 1,6 bilhão e o patrimônio administrado do Plano CD encerrou 2010 em R$ 2,4 bilhões. Ambos os planos são superavitários, segundo a fundação.

A alocação média do Plano CD entre renda fixa e renda variável é de 80% e 20%, respectivamente. O plano oferece oito perfis de investimento para escolha do participante, compostos com “mix” de renda fixa e renda variável. O Plano BD encerrou o ano com 96% em renda fixa, 3.2% em renda variável e o restante em imóveis.

<b>8</b> FUNDAção PROMON A Fundação Promon, criada em 1975, tem hoje um patrimônio administrado de R$ 874 milhões para garantir benefícios a 1,6 mil participantes ativos e 608 assistidos aos funcionários da Organização Promon empresa criada em 1960 para projetos de engenharia e tecnologia. De acordo com informações da Promon publicadas em sua prática, a Promon foi uma das primeiras empresas privadas brasileiras a instituir fundo de benefícios complementares à previdência.

<b>9</b> INDUSPREV Na categoria dos fundos médios, a Indusprev, entidade fechada de previdência complementar (EFPC), que define o plano de aposentadoria para o Sistema Fiergs (da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul), administra patrimônio de R$ 290 milhões, com 3 mil participantes ativos e 477 assistidos. “Aplicamos só em fundos abertos. Não tem como inventar muita coisa de aplicação. Aplicações financeiras, só no mercado financeiro”, afirma o diretor superintendente da Indusprev, José de Souza Mendonça.


Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.