Procuradoria-Geral diz que Cunha recebeu R$ 52 mi em propina 

Eduardo Cunha, presidente da Câmara dos Deputados. Foto: Lula Marques/PT/Fotos Públicas (15/12/2015)
Eduardo Cunha, presidente da Câmara dos Deputados. Foto: Lula Marques/PT/Fotos Públicas (15/12/2015)

A Procuradoria-Geral da República diz ter reunido provas de que o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente da Câmara, recebeu R$ 52 milhões em propina na Suíça e em Israel da Carioca Engenharia. Dois sócios da empresa relataram o pagamento a Cunha em acordo de delação premiada acertada com a Procuradoria. As informações foram levantadas pela revista Época e reveladas na versão online da publicação. Até agora, Cunha não se manifestou sobre essa acusação.

O pagamento foi dividido em 36 prestações, de acordo com os delatores Ricardo Pernambuco e Ricardo Pernambuco Júnior, donos da Carioca Engenharia. De acordo com eles, o suborno foi pago para que a empresa recebesse R$ 3,5 bilhões do FGTS-FI, o fundo de investimento que usa recursos do Fundo de Garantia.

Um aliado de Eduardo Cunha, Fábio Cleto, cuidava do FGTS e de loterias na Caixa Econômica Federal. Demitido pela presidenta Dilma Rousseff na última quinta (10), ele era vice-presidente de Fundos de Governo e de Loterias da Caixa. Foi Cunha quem acertou e cobrou a propina, sem o uso de intermediários, ainda segundo os donos da Carioca Engenharia e a reportagem da Época.

A empresa participa da revitalização da zona portuária do Rio, no projeto chamado Porto Maravilha, com a OAS. Os donos da Carioca dizem que os recursos do suborno foram depositados em duas contas que não eram conhecidas até agora, no Israel Discount Bank e no UBS, que ficam em Israel e na Suíça, respectivamente.

Até agora, a Procuradoria havia encontrado quatro contas cujo controle é atribuído a Cunha, todas na Suíça. O valor de US$ 2,4 milhões depositado nessas contas foi congelado pelas autoridades suíças porque há suspeita de que se trata de propina. Inicialmente, Cunha negou, em depoimento na Câmara, ter contas fora do País. Quando a Procuradoria apresentou provas de que ele era beneficiário de quatro contas, o deputado alegou que não controlava os valores depositados naquele país porque criara um “trust” – figura jurídica segundo o qual o dono dos recursos transfere a administração para um terceiro.


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