Professores da rede estadual decidem manter a greve em São Paulo

Depois de doze semanas de paralisação, os professores da rede pública estadual de São Paulo, em greve há três meses, decidiram nesta sexta-feira (29), em assembleia realizada no vão-livre do Museu de Arte de São Paulo (Masp), manter o movimento iniciado no dia 13 de março. Eles reivindicam um reajuste salarial de 75,33%. Esta já é, segundo o próprio movimento, a terceira maior greve da história da rede estadual de São Paulo.

A decisão foi aprovada pela maioria dos professores, embora uma corrente dentro do movimento já ter solicitado o fim da paralisação, segundo eles, “mesmo sem que o governo estadual tenha apresentado qualquer proposta de reajuste”. Uma nova assembleia da categoria foi agendada para a próxima quarta-feira (3), no mesmo local.

Segundo a presidenta do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), Maria Izabel Azevedo Noronha, os professores ainda não pretendem encerrar a greve, “porque a adesão ainda é grande”.

“Seria errado suspender uma greve que tem 30% [de adesão]. É muito difícil. É uma categoria muito grande. E 30% de 230 mil [professores da rede pública] é muito professor [em greve]”, disse, na tarde hoje, a jornalistas.

Segundo Maria Izabel, a adesão tem diminuído nos últimos dias, principalmente com o desconto aplicado pelo governo estadual nos salários dos grevistas, o que foi garantido pela Justiça, embora ainda caiba recurso na decisão.

“Acontece que houve um corte no holerite de abril, que já saiu zerado. As pessoas precisam comer, precisam viver. Eu quero lamentar, porque o governo, em vez de negociar – e poderíamos ter saído dessa greve antes – prefere zerar o holerite, e vencer a greve com o dinheiro [dos professores]”, disse.

Sobre a reposição dos dias parados, a presidenta do sindicato disse que o assusnto deve ser discutido e acertado junto à Secretaria Estadual de Educação. “Quero ver se, na próxima semana, tento conseguir uma reunião na secretaria para discutir a reposição, porque esse é um compromisso nosso com os pais. Acho que deve ser alargado o calendário, para repor da melhor forma”, afirmou.

Após a assembleia, os professores seguiram em caminhada pela Avenida Paulista e Rua da Consolação, com destino à Praça da República, onde fica a sede da Secretaria Estadual de Educação. No local, o ato será unificado, com a inclusão de centrais sindicais e outras categorias, como bancários, servidores federais e professores municipais de São Paulo, que se reuniram em assembleia na tarde de hoje, no Viaduto do Chá, ao lado da sede da prefeitura paulistana.

O ato é parte do Dia Nacional de Paralisação, que teve início com várias ações na manhã de hoje, em várias partes do país, e que marca a luta contra o Projeto de Lei 4330, sobre as terceirizações. A previsão é que o ato comece por volta das 17h, com uma aula pública no local.

Durante a caminhada, várias outras categorias de trabalhadores devem se unir ao movimento dos professores estaduais, entre eles, servidores da Justiça Federal.

O último número divulgado pela PM contabilizava cerca de 300 pessoas no local, por volta das 14h30. Os organizadores reclamaram do número divulgado pela Polícia Militar, mas não deram uma estimativa do número de professores presentes.


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