O filósofo e ex-ministro da Educação de Dilma Rousseff, Renato Janine Ribeiro, lançou o livro Antígona e Maquiavel – A ética jornalística na vida real das redações, nessa sexta-feira (12). Além de textos escritos por Janine, a obra coletiva reúne 11 trabalhos de alunos da aula de “Ética na imprensa” ministrada por ele no curso de pós-graduação da ESPM.
No lançamento, o filósofo, que também foi jornalista, criticou a atuação da imprensa brasileira – na opinião dele, partidarizada como outras poucas no mundo. “No meu tempo de ministro, eu fiquei chocado com o nível de mentiras publicadas nos jornais. Começaram na primeira semana. No Brasil temos uma imprensa que efetivamente mente, isso é muito grave. Na política, a mentira faz parte um tanto. Eu evitei isso, me recusava a dizer algo que tivesse que desmentir depois. Mas se há algo que enobreça a imprensa é dizer a verdade”.
Janine também falou sobre a falta de independência dos jornalistas dentro dos veículos para os quais trabalham. “A independência do jornalista está muito limitada pelo controle dos patrões. A categoria perdeu muito poder, o sindicato perdeu poder, donos de jornais se chamam jornalistas, embora a produção deles nessa área seja rara. Isso tudo criou limites e trazem interferências éticas: jornalistas que não podem publicar o que apuraram, que receberam pautas prontas mesmo que a realidade não bata com elas e por aí vai”.
Para o ex-ministro, a limitação do jornalismo brasileiro em apurar e divulgar informações verídicas leva à necessidade da criação de blogs. “Uma coisa que faz as revistas brasileiras serem de discutível teor jornalístico é que é rara uma semanal não abusar de adjetivos e advérbios. Esse é um problema do jornalismo brasileiro. É isso que levou a uma proliferação da blogs, como forma de reagir àquilo que é publicado nos jornais. E essa escolha de publicar informação enviesada é uma atitude de negócios, que criou um problema muito grande. Contribui para esse acirramento de tensões que vemos hoje”.
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