Rota: a polícia que mais matou neste ano em São Paulo

Um relatório divulgado nesta quinta-feira (19) pela Ouvidoria da Polícia Militar do Estado de São Paulo mostra que as Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar, conhecida pela sigla Rota, foram o grupamento que mais matou pessoas no Estado nos dois primeiros meses desse ano: foram 12 mortes por disparos de arma de fogo. Segundo a Ouvidoria, “a cultura dos policiais da Rota, de encarar supostos confrontos, é decisiva para o dado”.

Ainda de acordo com o relatório, as polícias Militar e Civil de São Paulo mataram, juntas, 117 pessoas em 27 cidades. A maior parte delas (73%), no entanto, foram mortas em São Paulo. Em número, foram 86 suspeitos assassinados pelas duas das principais polícias paulistas.

Depois da Rota, aparecem o 16º Batalhão da Polícia Militar Metropolitano (BPM-M), com oito mortes, e o 3º BPM-M, com cinco.

De acordo com o portal G1, a Rota se defende dizendo que o conflito armado com bandidos é mais complexo nos últimos anos, porque o crime organizado também está melhor armado. “Tive a resposta dos superiores desses policiais de que essas mortes de suspeitos existem porque a bandidagem está mais ousada e aparelhada, com armas sofisticadas. Falam que as mortes são decorrentes de reação dos policiais ao ataque a tiros dos bandidos”, disse o ouvidor da PM, Julio Cesar Neves. “É preciso que cada uma dessas mortes seja apurada para saber se realmente foram frutos de confronto ou se foram mera execução”, completou ele.

Neves também afirmou ao portal que, normalmente, os policiais envolvidos em mortes no Estado de São Paulo não são investigados e, consequentemente, punidos se estiveram em inconformidade com a lei. “Posso dizer que 95% dessas mortes deste ano serão arquivadas e se algum policial agiu contra a lei, ele não será punido”, reforçou. “É por isso que parte dessas mortes decorrentes de ações policiais acontecem: pela impunidade do autor”, afirmou.

O relatório da Ouvidoria ainda indica que 212 policiais militares se envolveram na morte de 106 pessoas no Estado neste período, enquanto apenas 11 policiais civis mataram sete pessoas. O argumento, neste caso, é que a PM exerce um trabalho com maior chance de confrontos com criminosos. A Polícia Civil têm uma responsabilidade mais baseada na investigação.

No Facebook, uma página chamada Admiradores da Rota, com 512 mil membros, criticou a reportagem publicada pelo G1 nesta quinta-feira, dizendo que o veículo “tem que procurar o que fazer”. “Eles se sentem incomodados com essa condição. A Rota é o orgulho da população! O que o pessoal da RGT [Rede Globo de Televisão] queria? Que os ‘rotarianos’ morressem?
Vão procurar o que fazer”, diz a publicação.


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