Eu tinha tudo pra odiar São Paulo. Quando me mudei de Belém (PA), há oito meses, passei uma temporada morando de favor na casa de amigas no bairro de Perdizes. Mas meu primeiro endereço “oficial” foi a República. Já conhecia o centro da cidade, contudo, morar lá não deixou de ser um choque.
Moradores de rua se abrigando em marquises de prédios abandonados. Belíssimas construções históricas e praças vítimas do descaso. Se de dia o bairro pulsa, cheio de vida, com suas ruas abarrotadas de gente disputando espaço com os camelôs na calçada. À noite, é soturno e ameaçador.
Entretanto, no período que morei no centro, foi que pude conhecer a fundo uma faceta bem mais autêntica da cidade. O batuque dos imigrantes africanos, o colorido das tatuagens dos frequentadores da galeria do rock, os cheiros e sabores exóticos da culinária asiática. Eu, o de fora, me senti acolhido em meio a tanta diversidade. Na República, todos estão, de uma forma ou de outra, querendo fazer parte de São Paulo.
O bairro está longe daquela imagem típica que estamos acostumados na mídia, dos arranha céu envidraçados da Avenida Paulista, dos executivos engravatados, da cidade ordeira e bem-sucedida. É caos, barulho e correria, todos os dias. Ainda bem.
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