Nasci em Mococa, apenas questão de nascimento perto dos avós, e fui morar em São Caetano do Sul. Mas foi em Santo André que cresci, adolesci, fiquei adulta. Aos 29 anos, e eu era tão pequena – acreditem!-, decidi me mudar para São Paulo.
Os amigos todos, ou quase todos, já haviam migrado para outros cantos. Eu, então, trabalhava e estudava em Sampa e não fazia o menor sentido ficar em Santo André. Já morava sozinha. Mas vir para cá me enchia de medo e esperança.
Ganhei um apartamento do meu pai no Bixiga e vim me embora. Lembro-me quando chegando pela Rua Vergueiro vi um imenso outdoor que me convidava a viajar. Eu já viajava e o letreiro nem sabia.
Acomodei minhas coisinhas como pude. Meu pai instalou o chuveiro para se certificar de que eu ficaria confortável. Não me lembro como veio a mudança. Um carreto qualquer. Poucas coisas. Uma geladeira e um fogão amarelinhos, comprados nas casas Bahia, assim como uma mesinha. Colchão. Sofá. Televisão e rádio. E meio era isso tudo.
Era Comgás e eu não podia cozinhar. Amanheci no domingo meio esquisita e fui à Brigadeiro Luís Antônio procurar uma padaria, que não existia. Mas no Extra tinha a Casa do Pão de Queijo e ali tomei meu primeiro café da manhã em São Paulo.
Fiquei sozinha, pois não conhecia ninguém assim de amigo mesmo em Sampa. Passeei na Avenida Paulista e assisti à televisão.
Nestes 461 anos de São Paulo, caminhando pela agora minha cidade, lembrei-me de minha chegada aqui, há quase 30 anos. Do fácil-difícil de me adaptar. Mas, confesso, durante meses, voltei a Santo André apenas para ir ao meu salão de beleza (como é difícil mudar de cabeleireiro). O resto, o mais complicado, tirei de letra e continuo tirando.
Em tempo: já passei por dezenas de cabeleireiros em Sampa. Uma hora acerto.
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