Há três anos, a revista britânica The Economist anunciou o fim dos jornais. Para o jornalista, editor e escritor Roberto Muylaert, presidente da Associação Nacional dos Editores de Revistas (Aner) e diretor-presidente da RMC Editora, a publicação “se precipitou um bocado”. Mas ele reconhece que “só se fala que vai acabar qualquer coisa impressa em papel, que nosso ganha-pão vai acabar”.
No entanto, ele assegura que não acredita nem um pouco nessas previsões. E, para comprovar que o mercado de revistas vai bem, apresenta os números mais recentes no Brasil: 439 milhões de exemplares de revistas vendidos em 4.705 títulos diferentes, publicados por 307 editoras de diversos segmentos, com US$ 886 milhões de faturamento no primeiro semestre de 2011, o que revela um crescimento de 3,25% em relação ao mesmo período do ano passado. E quase 7% de participação no share publicitário brasileiro.
“A revista tem tantas qualidades. É o meio que menos rejeita publicidade. Todo mundo adora revista. É o xodó das mídias. É uma propriedade privada da pessoa. E é uma das poucas mídias que são colecionadas”, diz. Para Muylaert, o tablet combinou perfeitamente com as revistas. “É a primeira coisa que surgiu e que os consumidores estão dispostos a pagar para baixar revistas”, revela com entusiasmo.
Sobre a internet, o jornalista reclama da pirataria. “É caro manter uma redação e existem mais de 200 sites que copiam as nossas revistas de graça”, acusa. Muylaert ainda se queixa da verba de publicidade destinada às revistas.
“Tem esse número mágico, de 7% do share de publicidade. E não aumenta. Embora nós estejamos crescendo 20% ao ano. Qual a explicação disso? A televisão desequilibra tudo. A televisão tem mais de 60% das verbas. E há muita coisa dentro da televisão que poderia estar nas revistas. O diabólico é que, quando vamos negociar, sabendo que a cota da televisão é da ordem de US$ 40 milhões, e nós só querendo US$ 250 mil, mas eles nos falam que não têm verba”, desabafa.
Para Muylaert, “quanto mais poderosa é a organização de mídia, mais as agências têm interesse em negociar. Podemos até criticar a Rede Globo, por exemplo. Mas a empresa chegou onde chegou pelo mérito, pela competência”, reconhece.
Muylaert dourou sua participação no painel “A inovação na mídia – como aproveitar as novas plataformas na era digital” com um pedido: “Que se faça televisão, mas que se faça revista também. Porque são maneiras diferentes de atingir o público. E as duas juntas dão um retorno maior de investimento. Isso já foi comprovado nos Estados Unidos”.
Deixe um comentário