Com o intuito de fazer um balanço sobre os nove anos de Lei Maria da Penha, norma que busca garantir os direitos da mulher, o instituto de pesquisa DataSenado realizou uma pesquisa, entre 24 de junho e 7 de julho deste ano, ouvindo 1.102 brasileiras, para revelar se houveram ou não mudanças com relação à violência contra a mulher no Brasil. A pesquisa é feita desde 2005 a cada dois anos e ouve relatos de mulheres de todo o País. Os dados são alarmantes: aproximadamente uma em cada cinco mulheres brasileiras alega já ter sido espancada pelo cônjuge, namorado ou ex.
Dentre as mulheres que alegaram já ter sofrido algum tipo de violência doméstica, quase metade (49%) diz ter sido vítima do próprio marido. Outras 3% disseram que foram agredidas por ex-namorados ou ex-maridos. Sendo assim, fica constatado que 73% das mulheres foram violentadas por pessoas do sexo oposto sem laços sanguíneos e escolhida por elas para viver consensualmente.
De acordo com a pesquisa as mulheres menos instruídas são as mais violentadas: 27% das mulheres que tem ensino fundamental completo informaram que já foram vítimas, percentual que cai para 18% e 12% quando consideradas mulheres com ensino médio e ensino superior, respectivamente. Outro dado impressionante é a quantidade de mulheres que afirmam conhecer alguma mulher que já tenha sofrido agressão: 56%.
Desrespeito e sensação de insegurança crescem
Ainda segundo os dados do DataSenado, as mulheres entrevistadas constataram que o desrespeito à mulher cresceu. 43% das respondentes afirmam que não são tratadas com respeito no Brasil. O número representa uma crescente, já que em 2013 a porcentagem de mulheres que tinham essa percepção era de 35%. Entre as mulheres menos escolarizadas o número chega a 52%, mais da metade das entrevistadas.
Com relação à segurança, menos mulheres acreditam que estão mais seguras. 56% das entrevistadas alegam que, após a Lei Maria da Penha, estão mais seguras. Em 2013, este número chegava a 66%, o que mostra que a sensação de segurança da mulher diminuiu.
Outro fator importante abordado pela pesquisa é a opinião das mulheres sobre o crescimento da violência contra o gênero. Em suma, a opinião das mulheres pesquisadas é que a violência aumentou, já que 63% das respondentes afirmam ter percebido um aumento na violência doméstica.
Mais mulheres estão deixando de buscar ajuda
Os dados registrados na pesquisa ainda mostram que mais mulheres estão deixando de procurar ajuda depois de serem agredidas. Nos números de 2013, 15% das mulheres entrevistadas disseram não ter procurado ajuda quando foram agredidas. Já nos dados constatados em 2015, este percentual aumentou para 21%, ou seja, aproximadamente uma em cada cinco mulheres não tomou nenhuma atitude quando violentada.
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