Milhares de usuários brasileiros iniciaram uma campanha de boicote ao Uber e ao 99 nesta quinta-feira, 27/4, por conta de uma parceria dos aplicativos com a Prefeitura de São Paulo para fornecer transporte gratuito aos funcionários públicos irem trabalhar amanhã, 28/4, quando está programada uma greve geral pelo país contra as reformas Trabalhista e da Previdência.
Um evento no Facebook intitulado “Boicote Uber e 99Taxis a partir de 28 de abril” já conta com mais de 6 mil pessoas ‘confirmadas’ e mais de 2 mil ‘interessadas’ que prometem desinstalar os aplicativos dos seus smartphones. Além disso, os usuários insatisfeitos com a postura das empresas no caso fizeram comentários negativos contra a parceria nas redes sociais dos apps e também nas lojas de aplicativos da Apple e do Google, App Store e Play Store, respectivamente.
“Como consumidores, acreditamos que não devemos apoiar empresas que colaborem para desmobilizar trabalhadores que reivindicam direitos fundamentais como o direito à aposentadoria e à proteção ao trabalho. O boicote é um instrumento legítimo e eficaz de pressão e já foi utilizado contra a Uber quando a empresa prejudicou os taxistas de Nova Iorque que entraram em greve contra as medidas anti-imigrantes de Donald Trump”, afirma a descrição do evento.
No entanto, vale notar que o político não revelou o nome dos aplicativos em questão durante o seu vídeo. A informação sobre Uber e 99 participarem da parceria com Doria para oferecer as corridas gratuitas aos funcionários da Prefeitura durante a greve foi publicada pela jornalista Monica Bergamo, da Folha de São Paulo, nesta quarta-feira, 25/4.
Procurada pela reportagem do IDG Now!, a assessoria do Uber disse que não comenta a parceria com a Prefeitura de SP e destacou que também irá oferecer descontos para todos os usuários nesta sexta-feira, 28/4, com cupons de 20 reais por viagem (máximo de duas por usuários) com o Uber Pool durante os horários de pico – 7h às 11h e 16h às 20h – com os códigos UBERCOMPARTILHADO1 (para manhã) e UBERCOMPARTILHADO2 (para tarde/noite).
A 99, por sua vez, afirma que “após o contato da Prefeitura de São Paulo, que nos pediu ajuda na locomoção do seus servidores, percebemos que poderíamos ir além”. Por isso, o aplicativo também irá fornecer descontos nas corridas para usuários de todo o Brasil. A companhia oferecerá desconto de 20 reais por viagem (máximo de duas viagens por usuários) durante a sexta-feira, 28/4, em todas as 1.087 cidades atendidas pela empresa no país. Mais detalhes serão publicados ainda hoje, 27/4, aqui no blog da 99.
Até o fechamento da reportagem, nenhuma das empresas respondeu ao nosso pedido de comentário sobre o boicote realizado pelos usuários contra os aplicativos nas redes sociais.
Uber foi boicotado nos EUA em janeiro
Para quem não lembra, o Uber sofreu um boicote massivo em janeiro nos EUA como consequência do banimento instituído pelo presidente Donald Trump contra a entrada de imigrantes de países islâmicos no país.
Enquanto os taxistas de Nova York fizeram uma paralisação que consistiu em deixar de buscar e levar passageiros para o aeroporto JFK, em Nova York, que recebeu um grande protesto contra Trump, o Uber anunciou no Twitter que estava derrubando o chamado “preço dinâmico”, que aumenta os preços em situações de maior demanda, para as viagens feitas com destino e a partir do aeroporto.
A iniciativa foi vista como um apoio do Uber à ação de Trump e então teve início a campanha #DeleteUber, cuja hashtag foi uma das mais usadas pelos americanos no Twitter no final de semana, com direito a muitas celebridades aderindo à campanha e apagando o Uber para user o seu rival Lyft.
Em resposta às críticas, o Uber enviou uma nota para a revista Fortune explicando a decisão de desabilitar o “preço dinâmico”. “A decisão de desabilitar o preço dinâmico foi tomada especificamente para evitar lucrar por conta da demanda maior durante o protesto. A empresa já se comprometeu anteriormente para limitar o preço dinâmico durante desastres, depois de ser acusada de se aproveitar dos passageiros nos momentos de necessidade.”
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