A presidenta Dilma Rousseff proferiu nesta terça-feira (13) um dos discursos mais consistentes desde o início de seu segundo mandato. Na cerimônia de abertura do 12º Congresso Nacional da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Dilma reiterou sua preocupação com o momento de crise, mas disse que o governo trabalha diariamente para garantir “oportunidades iguais para todos”. “As pessoas nascem diferentes, mas o que diferencia um governo do outro é se esse governo tem ou não compromisso em garantir, independentemente da origem social, garantir oportunidades iguais para todos”.
A chefe do Estado brasileiro então adentrou no terreno movediço da crise política, e conseguiu salientar fatores importantes, como as características predatórias da oposição brasileira, que pouco se importa com o desenvolvimento nacional e mina as instituições com o objetivo de cavocar um improvável terceiro turno. “Essa tentativa de fazer um terceiro turno no Brasil, ela começou no dia seguinte às eleições. Agora ela se expressa na busca incessante da oposição de encurtar seu caminho ao poder, de dar um passo, um salto e chegar ao poder fazendo um golpe, dando um golpe”.
Dilma citou uma série de números que indicam como o governo está tentando manter as políticas sociais mesmo em tempos de recessão econômica: “Criamos 906 mil vagas para novos universitários. Mesmo com dificuldades, entregamos 280 mil moradias. Cerca de 14 milhões de pessoas recebem o Bolsa Família, sem um único atraso. Por isso, é importante saber: não estamos parados.”, disse a presidenta.
A presidenta ainda disse que a ideia de encurtar seu mandato, sem qualquer fato jurídico ou materialidade que possa incriminá-la, é um “golpismo escancarado”. Para Dilma os pedidos de impeachment não são só contra a pessoa dela, e sim contra todo um projeto construído ao longo de doze anos, onde milhões de pessoas deixaram a miséria e constituíram um “forte mercado interno”.”[A oposição] é contra um projeto de desenvolvimento que sempre priorizou a geração de emprego e garantiu aumentos reais do salário-mínimo e que garantiu que nós tivéssemos uma pauta clara, que colocasse aqueles que mais precisam como sendo aqueles que o Estado mais deve atender.”
“O desejo de retrocesso, eu tenho consciência, não é contra mim. É contra este novo país que construímos juntos, nas lutas das forças progressistas, dos trabalhadores, na força da CUT, dos sem terra, dos sem-teto, dos estudantes, dos movimentos sociais, de toda sociedade, organizada ou não. Traduzido em atos ou não traduzido em atos, traduzido em xingamentos, esse discurso golpista não é apenas contra mim, mas contra aquilo que eu represento. E, companheiros, o que eu represento? Eu represento as conquistas históricas, as conquistas históricas do governo Lula.”
Fazendo menção a movimentação mesquinha dos opositores, que, segundo Dilma, jogam o jogo do “quanto pior, melhor”, a presidenta disse que o ódio e a intolerância, sentimentos que vêm se agravando nas relações sociais e políticas brasileiras, não fazem parte do cotidiano do País, já que nossas tradições são de “uma convivência pacífica com as diferenças”. “Nós somos um País formado por etnias diferentes. Então, quando você instila ódio, quando você instila intolerância, você está indo contra valores fundamentais, que formam o nosso País.”
Para Dilma, está cada dia mais claro que um golpe está em curso, e isso pode ser notado com os pesos e medidas diferentes utilizados com ela e com os presidentes anteriores . “O que chamam de “pedaladas fiscais” são atos administrativos que foram usados por todos os governos antes do meu. O golpe, que todos os inconformados querem cometer, é, mais uma vez também, como sempre foi neste País, um golpe contra o povo.” A presidenta ainda fez uma alusão aos “moralistas sem moral”, e desafiou: “Eu me insurjo contra o golpismo e suas ações conspiratórias. Pergunto, com toda a franqueza: quem tem força moral, reputação ilibada e biografia limpa suficientes para atacar a minha honra? Quem? Obrigada.”
Deixe um comentário