A estilista e ativista contra o regime militar Zuzu Angel, morta em 1976 em condições mal esclarecidas, pode ser a quarta mulher a entrar para o Livro dos Heróis da Pátria. A sugestão é da deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ) em projeto de lei protocolado na Câmara dos Deputados.
Com 41 nomes, a relação dos Heróis da Pátria conta com personalidades como Tiradentes, Zumbi dos Palmares e Getúlio Vargas, mas tem apenas três mulheres: Anita Garibaldi, heroína da Guerra dos Farrapos, Bárbara Pereira de Alencar, heroína da Revolução Pernambucana de 1817, e Anna Nery, enfermeira que atuou na Guerra do Paraguai.
Zuzu perdeu o filho, Stuart Angel Jones, torturado e assassinado por agentes da ditadura militar em 1971. Ainda nos anos de chumbo, se transformou em uma das mais ativas vozes contra as atrocidades cometidas pelo regime. Morreu aos 54 anos, em 1976, em um acidente de carro noticiado como acidental, mas em circunstâncias nebulosas.
Zuzu deu projeção internacional à morte do filho, integrante do Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8), e passou a ser considerada presença incômoda para o regime, que tinha todo interesse em seu desaparecimento. Há dois anos, uma fotografia do local do acidente aumentou as suspeitas da Comissão Nacional da Verdade (CNV) do envolvimento das Forças Armadas no caso.
A foto, apresentada pelo ex-delegado do Departamento de Ordem Política e Social (Dops) do Espírito Santo Cláudio Guerra, mostra o coronel do Exército Freddie Perdigão ao fundo, perto do veículo acidentado. Apontado como autor de torturas e assassinato de pessoas durante o regime militar, Perdigão morreu na década de 90.
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