Guzman e Olacyr tinham integrado a comitiva oficial da presidente Dilma que esteve em visita a moscou em dezembro de 2012. Informalmente, Guzman se apresentava como sócio minoritário das minas de Olacyr; oficialmente era o diretor internacional da mineradora com escritório em São Paulo, no elegante condomínio São Luiz, onde era vizinho do dono da RedeTV Amilcare Dallevo.
Eu vi Guzman com Olacyr apenas uma vez, quando entrevistei o ex-rei da soja para a Brasileiros. Tudo fazia crer que a relação entre os dois era amigável. Guzman frequentava a casa de Olacyr e conhecia sua intimidade. Logo depois Guzman pediu que eu o ajudasse a publicar uma biografia autorizada de Olacyr. Foi uma longa negociação, ao fim da qual a editora Record enviou um contrato para ser assinado por mim, como autor, e por Olacyr, contrato que não implicava em nenhuma despesa para o empresário, pois ele não queria pagar o escritor. Jamais tive retorno desse contrato, remetido a Guzman em outubro de 2013. Ele nunca mais me contatou, nem atendeu aos meus telefonemas.
Então, eu soube que ele foi assassinado, pela manhã, com três tiros pelo motorista de Olacyr. Sabe-se até agora que Guzman estava na casa de Olacyr, de onde saía com 400 mil reais. O motorista pediu-lhe uma carona. No meio do caminho eles lutaram, o motorista tentando reaver o dinheiro que, segundo ele, teria sido extorquido. Durante a luta Guzman foi morto com três tiros.
Leia abaixo, a entrevista que fiz com Guzman:
Minérios raros na pauta de Dilma em Moscou
Membro da comitiva presidencial vai tratar de matérias primas que o Brasil tem de sobra e de que a Rússia precisa
Diretor para Assuntos Internacionais da Itaoeste Mineração e da OMF Mineral Star, que possuem jazidas no Brasil e na Bolívia, e cujo Diretor Presidente é o lendário Olacyr de Moraes, o Sr. Andres Guzman integra a comitiva presidencial que estará em Moscou no dia 14 de dezembro para visita oficial ao presidente Vladimir Putin. Em sua bagagem, o Sr. Guzman, nascido na Bolívia e brasileiro de coração traz um portifólio de matérias primas raras empregadas, dentre outras, nas indústrias aeroespacial e bélica, com reservas estimadas em 30 bilhões de dólares.
GAZETA RUSSA: O que leva o senhor à Rússia? Qual é o objetivo da sua viagem?
ANDRES GUZMAN: Em primeiro lugar, estamos indo à Rússia dada a importância econômica e estratégica que a Rússia tem e dada a internacionalização dos produtos que temos na área de mineração que são produtos específicos, minerais raros para a exploração e utilização dos quais poucos países do mundo têm tecnologia avançada e a Rússia é um dos três ou quatro países que a gente poderia listar no caso do skandium, do talium, do titanium que produzimos nas nossas minas da Bahia. Trata-se de uma oportunidade ímpar, mais uma vez gerada pela presidenta Dilma que tem provocado essas viagens internacionais, de algumas das quais temos participado, como a da China, da India, da Alemanha. É uma oportunidade para abrirmos uma via de comercialização, uma possibilidade quem sabe, até, de parceria com alguma empresa russa, dado que a economia está globalizada, a geografia apenas delimita territórios, mas a economia não tem fronteiras. Portanto, é uma oportunidade espetacular na qual pretendemos conhecer melhor empresários do ramo. Temos uma agenda de encontros organizada graças ao apoio que recebemos do cônsul-geral de São Paulo, Sr. Mikhail Troyanski e a APEX de Moscou também nos ofereceu uma vasta agenda.
Em que áreas da indústria russa têm aplicação os minérios raros?
Fundamentalmente, a alta tecnologia está dirigida às empresas aero-especiais – hoje, a Rússia é o único país do mundo que está desenvolvendo ainda de forma sólida e consequente esse segmento (infelizmente, os Estados Unidos, por uma decisão econômica não deram continuidade) -; à questão da robótica; à medicina nuclear para fazer os contrastes dos tomógrafos de última geração; ao setor aéreo, os aviões hoje têm utilizado ligas muito fortes e procurando substancialmente o baixo peso, então essas ligas novas vêm justamente ao encontro dessas necessidade que hoje são procuradas. E finalmente o setor bélico. Hoje, foguetes usam skandium na ponta das ogivas, porque é tão forte esse material a ponto de penetrar uma parede de aço.
Como se encontram as minas na Bahia?
Estão em fase final de licenciamento, nós temos na região de Barreiras esses minerais raros, onde estamos já com solicitação final das licenças que devem chegar nos próximos dias, já com toda a análise. O Brasil será colocado no mapa da mineração dos minerais raros a curtíssimo prazo.
De quanto são estimadas as reservas?
O projeto que nós temos deve superar os 30 bilhões de dólares, para se ter uma ideia da magnitude desse projeto, é uma coisa absolutamente impactante. Isso apenas os minerais raros.
As reservas de talium que vocês têm são consideradas as maiores do mundo?
Sem dúvida nenhuma, são 40 mil hectares dessa riqueza maravilhosa. O Brasil é um país de dimensões continentais. Nada falta aqui. É só uma questão de prospectar, investir que você encontra de tudo: petróleo, gás, minerais. É um país abençoado onde não existem problema de fundo ecológico, problemas geográficos, o que falta ao Brasil é logística, esse é um gargalo que tem que ser rapidamente resolvido, para facilitar esses investimentos que o setor privado faz. O estado precisa acompanhar essa vontade doida dos empresários de empreender.
A existência do BRICS tem facilitados os negócios bilaterais entre Brasil e Rússia?
Eu estive em duas reuniões do BRICS, uma na China e outra na Índia, agora há pouco, em abril. A gente percebe que essas aproximações facilitam muito os negócios. A presidenta Dilma e os outros presidentes do BRICS têm procurado, justamente, facilitar a comercialização, as parcerias, porque a retórica sempre foi boa. O setor privado dá sentido prático, objetiva a retórica política. Porque aí, sim, nós de fato podemos nos integrar, integrando as economias, a sociedade, por consequência, os setores industriais, os setores manufatureiros, eu acho que o destino é ampliarmos nossas relações cada vez mais.
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