No próximo domingo, depois de amanhã, Brasil e Venezuela se enfrentam pela Copa América. A julgar pelo que se viu até agora no torneio de futebol, será mais um espetáculo grosseiro, agressivo e grotesco. Ainda que o futebol seja um esporte “de contato”, como costumam justificar alguns comentaristas, nos jogos entre seleções latino-americanas o contato tem extrapolado os limites do esporte para entrar no campo da luta-livre e da briga de rua pura e simples.
Pontapés, cabeçadas e socos se sucedem numa velocidade extraordinária, basta lembrar o jogo desta quinta-feira (18) em que um jogador da Venezuela pisou literalmente a coxa de um peruano (Guerrero, ex-Corinthians) e o de quarta-feira (17), em que se viu uma verdadeira caça dos colombianos a Neymar, à qual ele revidou com agressividade proporcional. As cenas de violência em campo verificam-se de forma tão constante que dá a impressão que aquela rivalidade não se restringe aos gramados. E não se restringe mesmo, como também temos visto nos últimos dias.
Uma comitiva de senadores brasileiros de oposição ao governo Dilma decidiu ir à Venezuela para visitar presos que são opositores ao governo Maduro. Sabiam eles de antemão como sabem até as pulgas dos seus cachorros de estimação que os governos Dilma e Maduro são amigos, tanto do ponto de vista ideológico quanto comercial. A primeira regra, se alguém planeja visitar alguém é perguntar se esse alguém quer que esse alguém o visite. Ainda mais se é visita oficial de opositores de um país a opositores de outro país. Os senadores brasileiros deveriam ter perguntado se o governo da Venezuela os queria no país ou não. Esta é a norma da diplomacia.
Não perguntaram, embarcaram de forma totalmente afoita, mas, ao chegarem lá, deveriam ter sido recebidos como latino-americanos e não como invasores inimigos. Os senadores erraram ao tentar fazer uma visita sem terem sido convidados, mas as autoridades da Venezuela erraram muito mais, ao exporem os visitantes a uma turba que cercou e socou o micro-ônibus em que estavam e não socorrê-los ao menos. Foram cotoveladas, pontapés, socos e palavrões de parte a parte. Como nos jogos da Copa América.
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