Diário da política: conservadores x progressistas

Essas humilhantes derrotas do governo e do partido no governo nas duas Casas do Congresso provam que os partidos se tornaram obsoletos, são apenas fachadas que abrigam duas grandes correntes do pensamento universal: os conservadores e os progressistas. Essa constelação de 29 partidos políticos que temos no Brasil é uma grande e cara farsa, são apenas partidos caçaníqueis, sem identidade ideológica.Nem os grandes partidos têm mais isso.

Não existe um PT uno, consistente, unido em torno de propostas e projetos; há deputados do PT, uns gregos, outros troianos.

No PSDB acontece a mesma coisa. Um deputado tucano, outro dia, puxou a oração dos evangélicos no plenário da Câmara dos Deputados. Outros tucanos, como um certo Delegado Waldir, xiitas de direita, não combinam com um partido que lutou contra a ditadura militar e teve expoentes democráticos tais como Mario Covas e Franco Montoro.

Partidos aceitam filiações sem compromisso com seu ideário – é o que parece – o que resulta em futuros ocupantes de cargos públicos que não defendem esse ideário e até mesmo o desprezam e se guiam por um ideário oposto.

A segunda constatação que podemos tirar dessas recentes votações é que, desde o início deste ano e a ascensão de Eduardo Cunha os conservadores têm tido mais votos do que os progressistas. Logo, um governo progressista tende a perder, principalmente nas questões mais caras aos conservadores, tais como a redução da maioridade penal e o direito ao aborto, por exemplo, principalmente um governo que não consegue liderar o país e é fustigado diariamente por investigações cada vez mais agudas da Operação Lava Jato que já atingiu dois ministros de primeira grandeza.

As derrotas na Câmara e no Senado não são apenas do governo e do articulador político do governo e sim dos progressistas, aquele grupo que se uniu para derrubar a ditadura e depois se dividiu em diversas correntes, uma das quais, atingida por escândalos em série e por decisões desastrosas na economia contribuiu decisivamente para o enfraquecimento dela, mas também das demais do seu campo.

Não tenho mais dúvida de que o que virá depois do atual governo, seja de que forma esse governo terminar, hoje, amanhã ou em 2018 será um Brasil mais conservador.


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