O clima de histeria e de ódio faz pensar que o Brasil mudou. Para pior.
Pessoas vão às ruas protestar contra a corrupção vestindo orgulhosamente a camiseta amarela da CBF, talvez a instituição mais corrupta do País, com ex-presidente preso nos Estados Unidos, outro que não pode viajar ao exterior, sem contar outros malfeitos.
Pessoas inteligentes e cultas, que foram vítimas e lutaram para derrubar a ditadura, como Fernando Gabeira e José Serra juntam-se aos admiradores de Bolsonaro e da intervenção militar, saudosistas da ditadura.
Pessoas socialmente bem posicionadas, com muito dinheiro no bolso e no banco protestam contra a situação econômica como se tivessem empobrecido.
Pessoas com diploma universitário estão certas de que o dólar desce porque Lula está sob risco de prisão, como se manchetes influenciassem o mercado internacional do câmbio.
Pessoas inteligentes e cultas não percebem que os organizadores dos protestos são financiados por empresas como o Grupo Ultra, diretamente interessado na debacle da Petrobrás, cujo presidente tem ligações com grupos internacionais de direita e que há alguns anos, ao lado da Editora Abril e das Organizações Globo mantém o Instituto Millenium, encarregado de convencer os brasileiros de que a direita é o melhor caminho.
Três milhões de pessoas nas ruas são consideradas suficientes, pela imprensa, para derrubar um governo eleito por 53 milhões.
Aécio e Alckmin são hostilizados pelos organizadores, num evidente sinal de que eles querem um País sem políticos, e País sem políticos não é uma democracia.
E, ainda assim, continuam nessa nau dos insensatos.
Um juiz, que deveria zelar pela sua imparcialidade alia-se alegremente ao que há de mais conservador do PSDB e é aplaudido pela turba.
Três promotores tentam envolver um ex-presidente da República numa quadrilha que fraudou apartamentos do Bancoop, colocando-o ao lado de acusados que merecem penas elevadas, enquanto as penas dele, em caso de condenação, não chegam a quatro anos.
Acusam Lula de lavagem de dinheiro sem provar onde está o dinheiro e se de fato se originou de alguma ilegalidade.
Pedem sua prisão preventiva sob a justificativa de que pode fugir, sendo ele a pessoa mais conhecida do Brasil depois de Pelé e de Silvio Santos.
Alguns juristas e políticos contestam suas decisões, mas a imprensa de oposição ao governo transforma sandices em verdades absolutas.
Políticos considerados sérios discutem o pós-Dilma, num flagrante desrespeito à Constituição, segundo a qual o presidente deixa o poder somente depois de cumprido um rito na Câmara e no Senado que não é instantâneo.
Deputados pressionam a presidente a renunciar, transformando um ato de vontade própria num ato da vontade deles.
Diante de tantos sinais de que as instituições democráticas correm perigo, pessoas decentes, corretas, competentes e honestas vão às ruas fazer carnaval para derrubar a presidente, sem se preocupar com o que virá depois.
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