Às 20h30 de 1/9/1994 o ministro da Fazenda Rubens Ricupero estava no estúdio da TV Globo, em Brasília, conversando informalmente com Carlos Monforte antes da entrevista ao vivo que daria ao Jornal da Globo. A certa altura, ele pontificou: “Eu não tenho escrúpulos. O que é bom a gente fatura. O que é ruim, a gente esconde.” Pobre ministro, não sabia que seu microfone de lapela estava aberto enquanto a equipe posicionava as câmeras. A frase foi ouvida por quem assistia ao canal 23 da antena parabólica e foi manchete no dia seguinte em todos os jornais. Escândalo nacional!
Três dias depois, ele pediu demissão. Todos condenaram a frase, mas a prática mostrou que ela se tornou cartilha dos governantes brasileiros ao longo desses 21 anos, principalmente nas eleições a presidente e a governador de São Paulo do ano passado.
Tanto Dilma quanto Alckmin usaram e abusaram do jogo de esconder do eleitor o que é ruim para o governo e só faturar o que é bom. Ricupero era ministro de Itamar Franco. Dilma é do PT. Alckmin, do PSDB. Não importa o partido.
Há 21 anos governos federais e estaduais de vários partidos têm se guiado pela infeliz declaração de Ricupero, com consequências desastrosas para a população, sobretudo agora quando os brasileiros descobrem, aos poucos, que a presidenta escondeu de seus eleitores a realidade da situação de energia e a verdade sobre as medidas econômicas e trabalhistas que iria tomar e o governador de São Paulo escondeu a situação dramática da água na maior cidade e no maior estado do país.
Um dia, há muito tempo, Caetano Veloso disse em uma de suas letras, quando morava em São Paulo, que “vivemos na melhor cidade da América do Sul.” Será que hoje ele diria o mesmo?
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