Carlos Lacerda passou a ser “o corvo” para seus inimigos depois que o chargista Lan, atrasado para o encontro com a namorada, e sem muito tempo para pensar, colocou sua cara no corpo de um corvo na Última Hora de Samuel Wainer. Mas Lacerda deixou passar batido, nunca processou o artista, pois processá-lo seria assumir o apelido e ainda por cima divulgá-lo para todo o país. Lacerda achou mais prudente engolir o sapo. Também carioca, e não menos ambicioso politicamente, o atual presidente da Câmara, Eduardo Cunha tomou a decisão oposta à de Lacerda. Está processando o jornalista Jorge Bastos Moreno que em sua coluna semanal n’O Globo criou o personagem “Coisa-Ruim”, constantemente associado a Cunha. Na coluna de hoje, Moreno aproveitou para espicaçar: “É muita pretensão do Eduardo Cunha me processar, sob a alegação de que o ‘Coisa-ruim’, como defino quem pratica malfeitos, é uma referência a ele, como se no mundo só existisse uma única pessoa má. Cunha deveria processar suas próprias testemunhas que levou para me acusar. Elas disseram ter certeza, mesmo sem provas, de que o meu ‘Coisa-ruim’ é para ele. Elas o conhecem. Eu, não!” É claro que o tal “Coisa-Ruim” inventado por Moreno é, de fato, Eduardo Cunha, para quem entende a linguagem cifrada do colunista. Ao processar o jornalista, Cunha coloca a carapuça do “Coisa-Ruim”, corre o risco de tornar o apelido mais popular e fica numa sinuca de bico: vai ser impossível processar milhares de pessoas que o chamarem assim.
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