Se pensasse apenas com o fígado e não com o cérebro – como têm feito alguns de seus correligionários tucanos, alguns querendo ver a presidente “sangrar”, outros engrossando passeatas em que a única beneficiada é a direita e outros ainda no muro, mas loucos pra ver o circo pegar fogo – Fernando Henrique teria todos os motivos para engrossar essa onda estúpida de impeachment da presidente que sangra o País.
Afinal, ele foi o primeiro a sofrer nas mãos dos petistas que lhe imputaram o “Fora FHC” e a “herança maldita” e em todas as campanhas presidenciais desde 2002 tem sido mais malhado pelos petistas que Judas em sábado de aleluia! No entanto, ele continua sendo a voz mais lúcida da oposição ao jogar um jato de espuma na fogueira em que estão querendo imolar a presidente. Impeachment, diz ele, não é questão para as ruas ou para os partidos, mas para a Justiça.
Fariam bem os tucanos se ouvissem seu líder, em vez de se comportarem como pintinhos ansiosos para sair da casca. Só esse gesto do ex-presidente já é um grande serviço que presta à nação, mas eu gostaria que ele fizesse mais. Ele poderia convocar todos os ex-presidentes da República – Sarney, Collor e Lula – para assinarem, juntos, uma espécie de Pacto da Governabilidade, garantindo apoio de todos os partidos à manutenção da presidente no poder e afastando de vez a estéril agitação política que nos arrasta, politicamente, em direção à direita e, economicamente, em direção ao abismo.
Não se trata de apoiar o “governo Dilma”, nem o “governo do PT”, mas um governo legitimamente eleito pela maioria. Fernando Henrique confirma, mais uma vez, o provérbio português: “O diabo não é astuto e sagaz só porque é diabo, mas porque é velho.”
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