Diário da política: Jango saiu e os generais entraram pela porta dos fundos

Eu tinha 14 anos no dia 31 de março de 1964. Não entendi direito o que estava acontecendo. Mas não só por causa da pouca idade. Acho que pessoas mais velhas do que eu também ficaram boquiabertas com tudo aquilo (e continuam até hoje). Não foi um golpe clássico que consiste em invadir o palácio presidencial e expulsar ou matar o presidente da República. Foi uma sucessão de trapalhadas. Um general meio biruta chamado Olympio Mourão Filho desencadeou um movimento que batizou de Operação Popeye (seu apelido, apesar de o personagem ser marinheiro e o general, obviamente, não ser da Marinha). Colocou o exército mineiro na estrada, mas em direção ao Rio de Janeiro, apesar de o seu alvo, o Palácio do Planalto, situar-se em Brasília. Informado a respeito dessa bravata, o presidente João Goulart, em vez de defender o seu mandato de alguma forma, que é o que presidentes costumam fazer numa democracia, bateu em retirada! Deixou o palácio sem deixar um bilhete, um discurso, sem dar até logo. Fugiu. Exatamente como três anos antes fizera o seu antecessor, Jânio Quadros, que se ausentou do palácio sem dizer aonde ia nem se voltava. Jango não foi derrubado, pois não resistiu. Não esperou em seu gabinete que viessem destituí-lo. Jango, na verdade, renunciou ao poder sem dar explicações. Saiu pela porta dos fundos do palácio. A mesma pela qual a seguir entraram os militares.


Comentários

Uma resposta para “Diário da política: Jango saiu e os generais entraram pela porta dos fundos”

  1. Viva Olympio Mourão Filho, obrigado por ter salvado o Brasil de ser uma nação comunista. Viva o capitalismo brasileiro e mundial!

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