Não sou especialista em forças sobrenaturais, mas acredito que deva haver uma conspiração astral para os Neves jamais chegarem à Presidência da República. Para tornar a coisa um pouco mais dramática o oráculo de Delfos vaticinou a maldição: chegarão quase a presidente, mas na última hora a perderão. É o que tem acontecido até agora. Em 1985 ninguém duvidava que Tancredo não seria o primeiro presidente civil depois da ditadura, mas foi abatido pela doença na véspera da posse. Em 2014, Aécio começou a apuração na frente, mas acabou perdendo por menos de 1%. Durante todo o ano de 2015, aproveitando-se da fragilidade do governo ele fez de tudo para assumir o lugar da presidente eleita e estava crente que ia levar quando o STF abateu as pretensões de Eduardo Cunha aos 45 do segundo tempo. Não se pode atribuir aos fados esse último evento e sim à inconsistência de Aécio. Estivesse o avô em seu lugar jamais daria ouvidos à catilinária de Cunha de que com maioria simples o impeachment poderia ser aberto. Ora, direis, acreditar em Eduardo Cunha? Mas Aécio acreditou. Foi a única coisa que fez durante todo o ano. Acreditar na possibilidade de derrubar Dilma. Não apresentou uma proposta inteligente, uma ideia nova, uma solução econômica. Nada. Não se ouviu dele uma frase de impacto. Passou o ano inteiro repetindo que a presidente não tem condições de governar, mas só conseguiu mostrar que ele é que não tem condições de liderar a oposição. Este foi um ano – alguém duvida que 2015 já terminou? – em que 365 dias foram desperdiçados na discussão dos prós e contras de um impeachment. O Brasil ficou um pouco mais pobre. Do ponto de vista econômico e do intelectual.
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