Diário da Política: Não tem como Cunha ficar no cargo

Bom cabrito ele não é. Porque o bom cabrito não berra. O presidente da Câmara é um tipo histriônico e falastrão. Acusa o governo de querer um “sócio na lama”. Chama a lista de piada. Alega que é tudo uma farsa porque o endereço em que o dinheiro foi entregue não é seu. Mas ele só consegue enganar quem não leu o teor das acusações contra ele. São robustas. Ele está na lama até o pescoço.

O senhor Julio Camargo, homem da Mitsue num negócio em que a empresa alugou em parceria com a Samsung um navio plataforma para a Petrobrás coloca Eduardo Cunha em maus lençóis. É apontado por ele como um dos principais homens do PMDB abastecido com propina advinda dessa operação. E mais. Durante a vigência do contrato a Samsung suspendeu, repentinamente, os repasses a Julio Camargo e em consequência ele deixou de repassar ao PMDB, cujo canal era Fernando Soares, o Fernando Baiano.

A resposta de Cunha foi rápida. Líder do PMDB, ele ordenou a dois deputados que fizessem uma representação perante uma comissão na Câmara dos Deputados, pedindo informações junto à Petrobrás acerca da Mitsue, Toyo e Julio Camargo. Amedrontado, Camargo resolveu pagar do próprio bolso 6 milhões de reais, com o que a representação não foi adiante.

Diz ainda o relatório Janot: “Importante destacar, por oportuno, os vultosos valores recebidos por Eduardo Consentino da Cunha (em princípio como ‘doações oficiais’) de várias empresas que já se demonstrou estarem diretamente envolvidas na corrupção de parlamentares (especialmente em período prévio às eleições), reiterando-se que uma das formas de pagamento de propinas era exatamente a realização de várias doações registradas “oficialmente” aos Diretórios dos Partidos (que depois repassavam aos parlamentares).” O PMDB recebeu por ocasião da campanha de 2010: da Camargo Corrêa 1 milhão, da Odebrecht 200 mil, da Queiroz Galvão 1 milhão e 600 mil e mais 100 mil da Engevix. A Camargo Corrêa doou diretamente a Cunha 500 mil a 2.9.2010.  O Comitê Financeiro Único do PP (“que está muito vinculado a inúmeras condutas criminosas”, de acordo com o relatório) doou a Cunha 100 mil reais no dia 1º.9.2010.  

A Polícia Federal localizou a casa amarela onde foi entregue uma mala de dinheiro destinada a Cunha e que ele alegou não ser o seu endereço. De fato não é. É o endereço de Francisco José Reis, um grande amigo e parceiro de Jorge Picciani, cacique do PMDB carioca que é unha e carne com Cunha. Seu filho, Leonardo Picciani é o atual líder do PMDB na Câmara dos Deputados por indicação de Cunha, a quem sucedeu.

Apesar das ressalvas de que quem está na lista ainda não é condenado e, por isso, ele pode, do ponto de vista legal, continuar na presidência da Câmara dos Deputados a dúvida é se a Câmara pode conviver com um presidente sujeito à investigação da Polícia Federal, que começa na sequência e que poderá colocá-lo atrás das grades.

   Na minha modesta opinião, não pode.


Comentários

Uma resposta para “Diário da Política: Não tem como Cunha ficar no cargo”

  1. Jornalista petista contra ataca!
    Fora Dilma e Lula. Fora PT!

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