O que se viu ontem (quinta-feira, 11) foi o ocaso do estado laico. Dezenas de deputados evangélicos, de vários partidos, inclusive do PSDB (pasmem!) ergueram cartazes, gritaram palavras de ordem (“Res-pei-to! Res-pei-to!”) e até rezaram um Pai Nosso (meu Deus!) no plenário da Câmara dos Deputados durante a sessão, sob o olhar complacente do também evangélico presidente Eduardo Cunha. Todo esse escarcéu, antirregimental e anticonstitucional só porque eles ficaram furiosos com a exibição de uma transexual crucificada na Parada Gay de domingo, em São Paulo, alegando que o ato coloca em risco a família brasileira. Que vergonha! Que vexame! Quanta ignorância!
Eles se ofendem com símbolos, mas não se importam em ofender gente de carne e osso. Se não se discute política na igreja, é justo rezar no plenário da Câmara dos Deputados? Onde já se viu? Onde está o respeito às outras religiões? Onde está o respeito aos ateus? Esses deputados mancharam a constituição que determina que o estado brasileiro é laico no local onde a constituição mais deveria ser cumprida. Na casa da constituição. Somente o deputado Roberto Freire levantou-se contra esse desacato, lembrando que ali não era lugar de rezar que o estado brasileiro é laico e foi vaiado por eles. Isto que se viu é consequência da disseminação total e irrestrita de programas evangélicos no rádio e na TV, do potencial de votos dessa gente nas eleições e do ingresso dos evangélicos na política, que deveria ser proibido, porque religião e política não deve se misturar, como bem ensinam outras religiões, como a católica. Ontem eu percebi que o estado laico corre perigo no Brasil.
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