Os que não viram ou não se lembram podem encontrar paralelos entre as passeatas atuais – a de sexta, 13 e a de hoje, 15 de março – com as de 30 anos atrás que levaram ao fim da ditadura militar de 1964.
Mas as diferenças são gritantes. As passeatas de então tinham uma pauta única, rostos conhecidos e não se resumiam a uma caminhada pela cidade empunhando cartazes de protesto: elas desembocavam num logradouro público onde havia um comício no qual os mesmos rostos da passeata explicavam o por quê daquele movimento para um auditório ao ar livre que chegou a 1 milhão em São Paulo e no Rio e aquele discurso chegava a milhões de brasileiros em todo o país.
As manifestações atuais, a favor ou contra o governo, não têm líderes visíveis, não têm pauta definida, – chegando ao extremo de a passeata do dia 13 ao mesmo tempo defender e criticar o governo e a de hoje pedir e não pedir impeachment – e não deixam legado porque terminam numa dispersão e não num comício. As passeatas atuais lembram mais carnaval do que política.
São passeatas a esmo, que não levam a lugar algum porque não têm líderes definidos, pauta definida nem discurso. Por isso acabam se diluindo no tempo, como aquelas tão badaladas de junho de 2013 – não tem como fazer passeata todo dia. Nem a passeata do dia 13 vai fortalecer o governo, nem a de hoje derrubá-lo: numa democracia, o governo cai por seus próprios desacertos.
Deixe um comentário