Diário das eleições: Presidenciáveis tratam segurança como problema policial apenas

A lista diária de crimes de sangue no Brasil é tão extensa que já pulou dos programas de TV puramente policiais para os principais telejornais das grandes redes, onde ocupam espaço cada vez maior.

Tiroteios entre bandidos, tiroteios entre policiais e bandidos, assaltos com morte, assassinatos encomendados crescem a taxas estratosféricas, sem que nenhum governo (federal ou estadual, de hoje ou de ontem) encontre solução, pois apesar de tudo o que já foi feito e o que foi prometido e não foi feito a violência nos grandes centros urbanos aumenta.

Todos os candidatos atuais, sem exceção, à direita ou à esquerda, atribuem o aumento da violência a falhas na segurança pública, desde falta de equipamento até policiais mal pagos, corrupção, impunidade ou legislação tolerante, etc.

Todos os candidatos à presidência e aos governos estaduais prometem sanar o problema com mais equipamentos, mais policiais, salários mais justos para os policiais ou com leis mais severas para os bandidos, como se as masmorras medievais que são as nossas prisões não fossem terríveis o suficiente para desencorajar os assassinos.

Ninguém atribui o aumento da violência ao aumento da desigualdade entre ricos e pobres no Brasil, apesar das gritantes evidências. Basta compararmo-nos com países, sejam pobres ou ricos, nos quais a desigualdade é menor que a nossa (e que cresceu em 2013, segundo o último PNAD, coincidindo com o crescimento da violência urbana).

Vejamos Cuba. É um país pobre – e nem vamos entrar no mérito de sua organização política e econômica. Mas nunca vi Cuba incluída em alguma estatística de países violentos. Por quê? Porque não há desigualdade econômica. Todos são igualmente pobres. Um pobre não vai assaltar outro. Vai roubar o quê? Os cubanos são pobres, mas têm segurança. Os brasileiros pobres não têm segurança – ricos protegem-se blindando seus carros e pagando os tubos por segurança 24 horas.

Na outra ponta, peguemos a Noruega. Você já ouviu falar alguma coisa a respeito de violência na Noruega? Assaltos à mão armada? Tiroteios entre quadrilhas?  Coincidentemente é um país onde um bom sapateiro ganha tanto quanto um bom artista. Não há miseráveis jogados nas ruas como no centro de São Paulo e nem Faustões. Enquanto nossos políticos e a sociedade brasileira não se derem conta de que a violência urbana só vai diminuir quando a desigualdade social também diminuir, não iremos a lugar nenhum, por mais equipamentos modernos que tivermos, por mais numerosas que sejam as tropas policiais, por mais que os salários sejam dignos e as leis, severíssimas.  


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