Gustavo Rosa envia mensagem de despedida de próprio punho

Aquele lápis colorido gigante espetado na calçada da rua Groenlândia, em São Paulo, sempre me intrigou. Depois descobri que ele sinalizava o local da casa/ galeria/ atelier de Gustavo Rosa. Conheci internamente quando fui até lá em companhia do Pacote, que era seu grande amigo. (E de quem Pacote não era amigo?). Fomos pedir a Gustavo uma capa para uma revista que editávamos em parceria. Um retrato da Bruna Lombardi. Na faixa, é claro, seu desenho tem preços internacionais, e merece ter. O ambiente amplo com pé direito alto, repleto de suas belas obras, comporta um elegante bar, onde nos acomodamos. Não me recordo se ele fez a capa naquela hora mesmo ou se fomos buscá-la alguns dias depois. Uma capa linda com o azul dos olhos e o ouro dos cabelos dela. Desde então recebi dezenas de mensagens dele, convidando para exposições, eventos, festas que faziam parte do seu trabalho. Ele nunca parou de trabalhar. Foi um grande inventor de imagens. Ontem recebi sua última mensagem: “Meus queridos amigos, peço-lhes licença, pois vou me ausentar um pouquinho. Inquieto como sempre fui, resolvi flanar em outras plagas e parto no caminho da luz. Lá, vou alçar altos vôos que serão tão leves quanto os traços que risco brancas telas, e tão vibrantes quanto as cores que transbordam da minha palheta. Também serão tão lúdicos quanto as ironias dos personagens que crio e me farão encontrar, além de bons e velhos amigos, sonhos sonhados nas infinitas pinceladas da alma. Deixo-lhes a alegria da minha obra e o agradecimento pelo convívio com cada um de vocês. E a certeza de que em algum dia, no futuro, vamos nos encontrar novamente e brindar as belezas e alegrias dessa vida. Beijos carinhosos, Gustavo Rosa”.


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