Kassab está no olho do furacão. Mas, como é praxe, nada vai acontecer

Não é crível que um grupo de quatro fiscais tenha subtraído 500 milhões de reais dos cofres da prefeitura de São Paulo, durante seis longos anos, sem que a Secretaria de Finanças tenha dado pela falta desse dinheiro. Eles não vivem se queixando de escassez de recursos? Não é crível que um prefeito controlador como Kassab não tenha percebido esse rombo durante seus seis longos anos de prefeito e chamado às falas seu secretário de Finanças. No entanto, apesar dessas duas premissas, nunca saberemos como de fato o escândalo aconteceu.

Fiscais, como esses do escândalo atual, são grampeados e seu patrimônio é comparado com seus vencimentos. E são flagrados e presos porque os dados são incompatíveis. Grandes políticos, no entanto, por mais que pairem suspeitas sobre eles, como se constata em qualquer arquivo de jornal, desde os anos 1950, jamais são tratados dessa maneira. Investigar pra quê? Eles estão acima de qualquer suspeita. Kassab vai rebater qualquer acusação contra seus auxiliares diretos. E ninguém vai ter coragem de sugerir: escuta, vamos cruzar os patrimônios dos secretários do Kassab com seus vencimentos só pra tirar a dúvida? Aí, não! Já nem digo fazer o mesmo com Kassab. Que absurdo! Uma das tradições brasileiras é jamais investigar políticos de alto coturno. Quem tem tentado ajudar a punir grandes políticos brasileiros é a Justiça de outros países, nem sempre, ou quase nunca contando com a colaboração irrestrita das autoridades brasileiras.  


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