Anunciado como livro-bomba, o depoimento estilo metralhadora giratória do ex-secretário Nacional de Justiça Romeu Tuma Jr. ao jornalista Claudio Tognolli peca pela falta de provas. Uma das acusações mais mirabolantes – “todos os ministros do STF foram grampeados pela Operação Satiagraha” – baseia-se numa carta enviada pelo ex-diretor da Interpol no Brasil, Edson Oliveira, que atribui poderes ao delegado Protógenes Queiroz quando ele já estava afastado da Polícia Federal.
Oliveira diz ter iniciado, em novembro de 2008, investigação a respeito de um agente da equipe de Protógenes cuja missão teria sido grampear os ministros do STF. “Dias após” escreve Oliveira, “o agente Fraga recebeu uma ordem de missão para comparecer em Brasília, onde se reuniu com o delegado e o informou que o levantamento estava sendo feito, tendo recebido sinal verde para continuar a operação”.
Naquela data, Protógenes estava fora da Polícia Federal, depois de ter prendido importantes figurões em julho. Mais adiante diz a carta, que é a única “prova” de Tuma Jr. “Não bastasse esse fato, Telmo, imediatamente após ter sido informado por mim de que o assunto estava sendo levado oficialmente às esferas superiores, convocou o delegado Protógenes para alertá-lo a respeito. Protógenes veio ao Rio de Janeiro e se reuniu com Telmo na sede do Sindicato dos Policiais Federais.” De novo: nessa data Protógenes já estava fora da instituição. Tendo escrito o livro em parceria com um jornalista, seria de supor que afirmações tão explosivas de Tuma Jr. viessem acompanhadas de provas contundentes, o que não é o caso.
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