A manchete da revista Época desta semana é mais uma bomba que explode no Palácio do Jaburu: “Operador ligado a Temer admite ter recebido R$ 1 milhão da Engevix. Delator da Lava Jato, sócio da empreiteira afirma que o dinheiro era propina por obra na usina nuclear Angra 3”.
Somado ao 1,5 milhões de propina denunciados e reafirmados por Sérgio Machado já são 2,5 milhões de propina nas costas do presidente interino.
A reportagem traz uma descrição detalhada do caminho da propina, sem deixar margem a dúvidas.
As duas acusações referem-se ao período em que Temer foi – como ainda é – vice-presidente da República. Podem ser usadas, portanto, como argumentos para ser aberto um processo de impeachment dele, muito mais contundente do que o que foi engavetado por Eduardo Cunha, que diz respeito às mesmas pedaladas fiscais usadas contra Dilma.
O detalhe é que tem que ser deflagrado enquanto ele ainda é o vice-presidente. Se o impeachment for confirmado, quando agosto vier, essas bombas perdem seu efeito, segundo a constituição-cidadã de 1988. A notícia deverá ser repercutida nos demais meios de comunicação das Organizações Globo (dona da revista Época), tais como suas rádios, sites e, principalmente, no Jornal Nacional que tem sido uma das principais fontes dos pesadelos de Temer.
Embora a TV Globo tem sido acusada de “golpista”, por ter insuflado seus 30 milhões de telespectadores a saírem nas ruas para pedir o impeachment de Dilma, não se pode esquecer que, em 1989 a mesma Globo apoiou acintosamente Fernando Collor na disputa com Lula, mas, em 1992, diante das inequívocas provas de sua corrupção, ajudou a derrubá-lo, pois, tal como nas suas novelas, no Jornal Nacional também o Bem tem que vencer o Mal. Nada a estranhar, portanto.
Mas não é só para ficar ao lado do Bem que a Globo resolveu mostrar a verdadeira face do governo Temer antes que seu governo provisório se torne definitivo. Temer cometeu o erro primário de entregar o importante ministério da Indústria e Comércio à TV Record, principal concorrente da Globo no ibope e, portanto, na divisão das verbas de propaganda que escassearam nos últimos tempos.
Nenhum governo, nos últimos cinquenta anos, desmanchou-se tão rapidamente como este. Jânio, com todas as suas excentricidades aguentou-se quase oito meses; Jango, fustigado aqui dentro e de fora para dentro ficou três anos; Collor, à frente da sua República de Alagoas segurou-se por dois anos; mas o governo interino de Temer, em pouco mais de um mês já balança, balança, balança.
Se a Câmara dos Deputados não estivesse conturbada como está, uma verdadeira Casa da Mãe Joana onde ninguém sabe quem manda, nem o STF fosse tão lento, devagar quase parando, essas bombas já teriam explodido o Jaburu.
De qualquer modo, o telhado de vidro de Temer está aos cacos e seu discurso ético cada vez mais abafado.
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