Milton Schahin não é um santo. Mas a história que ele contou ontem, em entrevista ao jornal O Globo revela que o mesmo modus operandi denunciado pelo doleiro Alberto Youssef na Operação Lava Jato foi utilizado pelo atual presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha contra seu grupo empresarial.
Segundo Youssef, Cunha recebia propina de uma fornecedora de sondas para a Petrobras chamada Mitsui. Quando ela interrompeu os pagamentos, uma deputada do grupo de Cunha entrou com requerimento de explicações contra a empresa.
Segundo Schahin, essa mesma deputada, Solange Almeida, além de outros colegas seus, todos ligados a Cunha passaram a bombardear sua empresa com uma avalanche de requerimentos sobre diversos temas depois de ele se recusar a pagar o prejuízo pelo rompimento de uma barragem construída pela Schahin.
O episódio remonta a 2008. Rompera-se a barragem da hidrelétrica de Apertadinho. A Gallaway, para quem a Schahin tinha feito a obra, contratou a consultoria de Lúcio Bolonha Funaro para cobrar a conta.
A Schahin se recusou a pagar, alegando que o problema fora causado pelo projeto, que não era de sua responsabilidade. Funaro processou a Schahin e logo em seguida a empresa passou a sofrer ataques de deputados do grupo de Cunha. O mais estranho é que são todos cariocas e não de Rondônia, onde se deu o acidente.
Schahin não tem dúvida: a cabeça por trás dos requerimentos não era somente Funaro, mas o atual presidente da Câmara dos Deputados:
“Agora você me pergunta: como o Funaro pode ter tanta força? Porque o Eduardo Cunha está por trás e a ligação de Cunha com ele é muito conhecida. O que é estranho é a Câmara se meter na briga entre duas empresas”.
Milton Schahin não é um santo. Sua empresa fez parte do cartel da Petrobrás e está sob investigação da Lava Jato. Mas o seu depoimento pode ser muito útil para desnudar de vez quem se proclama ser um.
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