Os acontecimentos da sessão de hoje do Conselho de Ética dão motivo para que o ministro Teori Zavascki decrete a prisão de Eduardo Cunha ainda hoje, pois ficou demonstrado que, apesar de ter sido afastado pelo STF justamente por estar interferindo no seu processo de cassação, ele continua agindo do mesmo modo.
A manobra de Cunha consiste em forçar a ausência de uma deputada do PRB que, sem ter participado de nenhuma sessão do Conselho de Ética, foi colocada nele de forma intempestiva e sem explicações em substituição a Fausto Pinato, que antes já tinha sido afastado da relatoria e era voto certo pela cassação de Cunha.
A votação no Conselho está empatada: dez a dez. O voto decisivo seria o proferido por essa deputada baiana, chamada Tia Eron. Se ela não comparecer para votar – o que aconteceu hoje –, quem vota em seu lugar é o primeiro suplente, Carlos Marun, um dos mais truculentos e antiéticos integrantes da tropa de choque de Cunha.
Para ter uma ideia do seu caráter, durante a sessão de hoje, quando vários deputados enfatizaram que Cunha deveria ser cassado inclusive devido ao pedido de prisão formulado por Rodrigo Janot, ele teve a ousadia de pedir a palavra para comunicar que, naquele momento, o Estadão noticiava que Janot não confirmara a notícia dos pedidos de prisão.
Uma comunicação completamente falsa, pois, ao contrário, o Estadão confirmou a notícia veiculada hoje cedo pelo jornal O Globo e pela TV Globo.
Ao perceber que a ausência deliberada de Tia Eron resultaria na rejeição do relatório que pede a cassação e iria absolver Cunha – pois, rejeitado na comissão, nem seria votado em plenário –, o relator pediu vistas para examinar o voto em separado de outro membro da tropa de choque de Cunha, João Carlos Bacelar, que troca a pena de cassação por sua suspensão por três meses, razão pela qual a votação decisiva ficou para amanhã.
Se Cunha não for preso ainda hoje, a cena com certeza vai se repetir amanhã – Tia Eron não vai comparecer, tal como hoje, e em seu lugar votará Carlos Marun – e o presidente afastado da Câmara será absolvido pelo Conselho de Ética.
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