Cueca nunca foi lugar seguro. Quem já levou uma bolada na virilha sabe disso. E, como aprenderam o ex-assessor parlamentar José Alberto Vieira da Silva (em 2005) e o ex-Secretário de Relações Internacionais do DF, Durval Barbosa (em 2009), sequer se pode esconder impunemente uns trocados na peça íntima. Ambos tentaram escamotear R$100 mil, e se deram mal. Agora vem o nigeriano Umar Abdul Mutallab, mocozeando material explosivo nos fundilhos. Queria estourar um avião saído da Holanda e com destino em Detroit. Sabe-se lá por quê. Para mim, terrorismo mesmo seria deixar que as pessoas desembarcassem naquela cidade. Trata-se de experiência apavorante andar pelas ruas da ex-capital do automóvel. Mas, cada louco com sua mania. O cara tentou deflagar uma bomba, achando que o ato seria mais condizente com o manual do terrorista mirim.
O que conseguiu foi queimaduras graves na sensível região pélvica, além de tomar uns cascudos de passageiros e autoridades americanas. Está em cana e com a bolsa escrotal em carne viva. Teria sido bom se ficasse nisso. Mas não! O cretino do Umar provocou uma paranoia generalizada nos aeroportos do mundo. Agora está muito mais difícil embarcar em qualquer voo. Até em viagens domésticas insuspeitadas, o pobre viajante é obrigado a passar por escrutínio, onde não se dispensa nem mesmo exames da próstata. Cuecas são vasculhadas com lupa, e Deus o livre se for encontrado qualquer material artificial ou orgânico nos fundilhos. Como se alguém fosse detonar um bimotor da Embraer que faz a rota Salt Lake City-Provo, em Utah.
A encrenca nos aeroportos não vai parar nisso. Há uma grita generalizada entre políticos das mais diversas facções, exigindo que o cidadão passe por uma máquina escaneadora, antes do embarque. O aparelho, semelhante a um boxe de chuveiro, faz uma varredura no gajo e remete, em tempo real, as imagens à tela de um computador. A vítima aparece completamente nua, como se tivesse sido examinada pelo Super Super-homem com sua visão de Raios-X. É isso mesmo: aparece tudo. Outro dia, assisti a uma reportagem sobre a geringonça atrevida. Demonstrou-se num cavalheiro o modus operandi do escâner. Foi o primeiro nu frontal exibido na televisão regular americana. Em pleno horário nobre. De início, observamos a bunda mole do cobaia. Depois, ficou constatado que o homem não tinha nada explosivo entre as pernas. Pelas pequeninas dimensões daquilo que se viu, nem metaforicamente se poderia chamar de “arma” aquele equipamento. Uma coisinha miúda, encolhida, foi revelada em todos os detalhes constrangedores. Não sei como o operador do monitor não caiu na gargalhada.
Em breve seremos todos obrigados a revelar nossas intimidades mais constrangedoras em pleno saguão de aeroporto. Já vi tudo: os seguranças aeroportuários, que ganham uma miséria para fazer judiação com a gente, vão procurar ganhar uns bons trocados vendendo as imagens que captaram. Quanto não valerá o casal Angelina Jolie-Brad Pitt- e todos seus cinquenta filhos- completamente desnudos? Os tabloides terão dia de glória mostrando provas concretas de que a virilidade aparente de alguma celebridade, na verdade, não passa de uma berinjela habilidosamente enrustida na cueca da figura em questão. Nunca mais o cantor Robert Plant, cujo nome em inglês já indica sua familiaridade com o vegetal mencionado, vai poder viajar de avião.
De minha parte, não tem constrangimento. Já fiquei pelado em público, em praias de nudismo. E olha que a água estava bem fria. Só tenho medo de que os zeladores da segurança aérea achem que escondi uma bazuca na cueca. Será difícil convencê-los de que está descarregada.
Deixe um comentário