Ah! O doce cheiro da fama. Ele não é conferido a qualquer um. Mesmo nestes tempos de Reality Shows, em que uma pessoa medíocre larga a anonimidade apenas por ter se deixado confinar numa casa, com um bando de desconhecidos. Esses, claro, não são realmente famosos. Depois de aparecerem nus em revistas, o manto da obscuridade os vestirá sob medida. Quem ainda fala do vencedor do primeiro BBB? Ou mesmo da fogueteira do Maracanã, que alcançou manchetes internacionais? No fundo, a gente sabe que existe uma barreira concreta separando as meras celebridades, dos ídolos reais. Estes últimos são capazes de provocar atos de adoração, mesmo depois de mortos. Prova disso é a linha de perfumes costumizados feita pela empresa “MyDNA Fragance”. Não se trata de qualquer água de cheiro, os produtos envolvem em sua alquimia a mistura de material genético de ícones como Marilyn Monroe (de rótulo “IQ”, em incompreensível homenagem a Albert Einstein), e também Joan Crawford (“Entrance”), Katherine Hepburn (“Monarch’) e Michael Jackson (“M”). Greta Garbo, quem diria, acabou virando colônia.

Os perfumes permitem aos fãs sair pelas ruas com um cheiro carregado de unidades fundamentais da hereditariedade de seus ídolos. Mas que ninguém se engane: não se trata de cópia do aroma que a pessoa admirada exalava. O líquido tem apenas material genético em sua composição. E isso é muito bom. Como explicou a Diva Verdun – chefe do Departamento de Desenvolvimento de Produtos da MyDNA Fragance: “Elvis Presley tinha um problema grande com seu odor”. Ou seja, o Rei do Rock exalava um bodum de espantar cabras. A fragrância que a companhia de perfumes está lançando em sua homenagem, a “Blue Suede”, felizmente não plagia o cecê de Elvis.

Um dos principais fornecedores de material genético de famosos, para a perfumaria, é o professor John Resnikoff, do departamento de arquivos da Universidade de Westport. Ele detém coleção fabulosa de momentos de pessoas que ultrapassaram os portais da fama. Por exemplo, recentemente foi à China, buscar um pouco do DNA de Mao Tsé-Tung. Um desavisado pode se perguntar: “Mas quem desejará passar no corpo substância com resíduos do Timoreiro de Todos os Povos?”. Ao que, respondo: “Grande parte dos mais de 1,3 bilhão de chineses, que ainda idolatram seu ex-ditador”. Nesse caso, também existe muita vantagem em não se reproduzir fielmente a exalação forte do líder em questão. É fato sabido que, com perdão do trocadilho, Mao cheirava mal. Ao que parece, ele só entrava na água uma vez por ano, quando nadava no rio Yangtze, para provar que não estava morto. Imagine o trabalho que o governo de Pequim teria para cumprir as metas de corte de poluição do ar, caso um bilhão de seus patrícios saíssem por aí emitindo vapores neprogênitos.

O professor Resnikoff também providenciou nacos do DNA do ex-presidente americano Abraham Lincoln, para a perfumaria. O material veio diretamente de um chumaço das madeixas do Emancipador, no qual é bastante visível um pelote de caspa presidencial. Logo mais, qualquer Mané vai poder cobrir-se com uma sequência genética do grande estadista. Como será que se chamará o produto acabado? Primeiro, pensei no óbvio “Log Cabin”, ou, na tradução, “Cabana de Troncos”. Isso porque, antes de ser eleito, ainda amargando pobreza infame, o presidente cortou árvores e fez, sozinho, uma casinha de madeira, para morar. É um de seus atos mais conhecidos. Mas minha ideia para o batismo da colônia logo veio abaixo. É que o grupo mais famoso de gays republicanos chama-se “Log Cabin”. A marca, portanto, já está registrada.

Quanto às celebridades brasileiras, por enquanto ainda não existem planos para fragrâncias com elas. E temos uma lista enorme de possíveis candidatos. Quem entre nós, não gostaria de fazer abluções com loção que envolva o DNA de um Tião Macalé (aquele que, em tempos quando não existia o politicamente correto, dizia: “Oh, Criola difíci!”)? Ou uma água de cheiro que contenha a essência de Luiza Brunet? Rapaziada vai poder dizer: a Luiza está sempre grudada no meu corpo. Como se vê, as possibilidades de produtos com o jeitinho brasileiro são infinitas e surpreendentes.


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