Stephen Hawking, o renomado astrofísico inglês, alertou a humanidade sobre os perigos das tentativas de estabelecer comunicações com civilizações extraterrestres. Em um seriado da emissora Discovery, ele usou o exemplo dos nativos do Novo Mundo, que pagaram caro quando foram descobertos pelo pessoal do Velho Mundo. Disse que a Terra tem qualidades raras e muitos recursos materiais, que podem provocar a ganância de alienígenas. Ocorreu-me que já vi esse filme. Muitas vezes. Mas não tenho paranoia com ladrões intergalácticos. Nós mesmos já estamos fazendo um grande trabalho na área do esgotamento de riquezas do planeta.
Além do mais, para chegar até aqui, uma outra civilização deverá ser muito mais adiantada que nós. Para começo de conversa, os ETs, na certa, captaram transmissões de rádio e televisão que mandamos para o espaço desde o século XX. Desse modo, vão basear seus conceitos sobre os terráqueos em programas das emissoras. Quem vai querer ir para um lugar como o Rancho Ponderosa de Bonanza? Ou o Forte Apache, onde o habitante mais inteligente anda de quatro, late e é chamado Rin Tin Tin? E se, por um desses acasos cósmicos, a turma de lá só pegou os capítulos da novela brasileira O Sheik de Agadir? Vão pensar que nossas vidas se resumem em tramoias de amor e agimos como canastrões.
Em um livro recente, que está fazendo sucesso por aqui, o astro biólogo Paul Davis relata a história das tentativas de comunicação humana com ETs. A obra The Eerie Silence: Renewing Our Search for Alien Intelligence – ainda sem título no Brasil – explica como é complicado esse papo universal. Lembra que nós só usamos as ondas do rádio por pouco mais de 100 anos, e a transmissões de televisão por tempo ainda mais curto. E, ainda segundo Davis, essas tecnologias estão dando lugar a outras, como a internet. Assim, a janela de oportunidade para gente do outro planeta capturar essas mensagens terráqueas é muito estreita. Considera também que uma civilização tão adiantada, já estaria noutro patamar e nem teria mais como ouvir nossas bobagens.
A teoria é interessante, mas não sei não… O Universo é muito grande, pode conter uma civilização que está com grau de adiantamento tecnológico semelhante ao nosso nos anos 1950. Desse modo, eles podem estar recebendo seriados como Dr. Kildare, Combate ou O Vigilante Rodoviário. Pense nisso: um lagartão, em um planeta distante, senta com a família para assistir à sua novela preferida – Os Lagartos Também Amam, por exemplo – e bbiiizzzzz! No meio de um beijo de língua bipartida entre um komodo e um iguana, aparece o Chacrinha, buzinando a moça e chacoalhando a pança. É de se esperar que a lagartada enfurecida decida começar um programa espacial, somente para vir aqui nos dar um cacete. Se as béstias forem do tamanho de lagartixas, dá para a gente encarar só na pisada. Mas e se tiverem as dimensões do Godzilla? Chegam, destroem tudo, e os únicos recursos naturais que levarão, será todo o estoque de camisas e malhas da marca Lacoste.
É melhor mesmo deixar essa turma lagartear em paz nos cafundós do Cosmo.
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