As eleições no condado de Pahrump, no estado americano de Nevada, foram muito disputadas. Nas primárias do Partido Republicano, dois candidatos a comissário (cargo correspondente ao de xerife) estavam equilibrados na luta pelos votos. O titular do posto, Andrew “Butch” Borasky, enfrentava o desafiante Carl Moore Senior, em campanha que acabou se transformando em uma autêntica sinuca de bico. Depois de tabulados os votos, ambos aspirantes ao posto obtiveram o mesmo número de sufrágios a seu favor. Por duas vezes as autoridades eleitorais da agremiação contaram manualmente as cédulas e registraram 318 eleitores para cada concorrente. O que fazer para apontar um vencedor?

Um novo pleito sairia os olhos da cara. Pahrump não está nadando em dinheiro, nessa crise que afeta a todos. Depois de muito pensar, analisar propostas e consultar manuais eleitorais, o Partido Republicano local optou por inovar. Como o município fica a 120 km de Las Vegas, a turma resolveu que o desempate seria decidido na base da jogatina. E por que não? Afinal, estão em Nevada, onde os jogos de sorte são legais e motores da economia. Deste modo, Butch e Senior, vão participar de um torneio do tipo mano a mano que envolve três modalidades. Começarão com o pôquer. Os analistas dizem que os dois são velhas raposas no carteado e se equivalem nas estratégias e no blefe. Há quem considere que Sr. leva um pouco de vantagem, já que manuseia as cartas há 70 anos – desde a tenra idade dos nove. Mas o xerife é matreiro e levou à miséria muitos desafiantes que se atreveram a enfrentá-lo no cassino local.

Depois dessa disputa, os rivais devem chamar “Lady Luck” nos dados. Vão mergulhar em um jogo de crepe, onde – sabe-se – as vitórias dependem exclusivamente da sorte. Não há técnica e experiência que consigam dar vantagem a um dos participantes. O físico Albert Einstein teria dito que “Deus não joga dados com o Universo”, mas isso não significa que políticos não possam fazê-lo. Ganhará quem tiver o favorecimento dos deuses.

Para se resguardar de outro empate – já que um pode vencer no pôquer e outro nos dadinhos – a disputa final será no velho “cara e coroa”. Todo mundo está careca de saber que aí as chances são de 50% para cada um. Butch e Senior já concordaram com o esquema. O cassino Pharao, de Pahrump, até começou a aceitar as apostas. Pode-se, por exemplo, cravar uma vitória de Sr. no pôquer, uma de Butch nos dados, e novamente Senior no “cara e coroa”. Qualquer combinação é válida, inclusive um único palpite sobre o vencedor final, ou um empate até o lançamento da moedinha. Até segunda-feira, 12, acredite se quiser, dava empate nas previsões.

Fico pensando se as eleições para a Presidência do Brasil não poderiam ser resolvidas do mesmo modo. Pouparíamos tempo, dinheiro e energia, com uma jogatina eleitoral. É claro que, por dever patriótico, deveriamos escolher jogos mais conhecidos pelos brasileiros. Por exemplo: Dilma e Serra começariam com uma renhida partida de truco. Seria revelador, desse modo, quem blefa melhor. Dali passariam a uma curta disputa de palitinho. Em caso de empate, lançaríamos mão do velho e consagrado “par ou ímpar”. Em menos de uma hora, a Nação saberia quem é seu novo mandatário. Isso sem gastar um único tostão. Melhor ainda: poderíamos faturar uma boa grana para causas caritativas, vendendo os direitos de transmissão do embate. Aposto que daria certo.


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