A governadora do Estado do Arizona, Jan Brewer, assinou recentemente a lei 1070, que endurece a repressão a imigrantes ilegais. Navajos, apaches, comanches, hopes e pueblas, saíram às ruas em júbilo. Imaginaram que, finalmente, iriam raever suas terras ancestrais e se livrar dos traiçoeiros “caras pálidas”. A alegria dos nativos americanos, porém, durou pouco. Foram informados de que a nova medida se restringiria apenas aos residentes não documentados do território. A polícia está autorizada a exigir identificação àqueles que “parecem” estrangeiros.

Imediatamente, a banda tirolesa Achtung Schnitzel, que anima o pitoresco restaurante alemão Biergarten, na cidade de Tucson, despiu seu uniforme folclórico tradicional. Seus integrantes continuam envergando bermudas, mas aboliram as meias soquetes, substituíram os chapeuzinhos de feltro por bonés de beisebol, e vestiram camisetas de times de basquete. Seguindo esse exemplo, a banda mariachi do restaurante Coyote Flaco agora se apresenta com indumentárias típicas dos grupos de punk rock.

Por todo o Estado, viu-se uma corrida às lojas Walmart, onde hispanos compraram todo o estoque de camisas tipo havaianas, calções listrados extra grandes, chinelos e tênis, além de meias brancas e viseiras. Em seguida, esta turba se recolheu a seus esconderijos para devorar o máximo possível de hambúrgueres, biscoitos Oreo, sorvetes e refrigerantes. Busca engordar 250 kg, no mínimo, para que com as novas roupas fique mais parecida com americanos.

A reportagem da Brasileiros correu por todas as ruas da cidade de Phoenix, na semana passada, e não encontrou um único sujeito magro, vestindo sombreiro, fazendo a siesta encostado em um muro, na companhia de um burro. Ninguém quer passar por mexicano, pois corre o risco de ser despejado no município de Nogales, ao sul da fronteira. Na cozinha do restaurante Cinco de Maio, toda a equipe – desde o chef até os lavadores de pratos – caprichou nos diálogos com sotaque de New Jersey. Por enquanto, os pronunciamentos se resumiam em: Fahgettaboudit, Getoutofhere e Fahckit.

Enquanto isso, um veículo contendo dois botijões de gás, dois galões de gasolina, um punhado de fogos de artifício e dois relógios-alarme servindo de detonadores, foi encontrado em Times Square, pela polícia local. O carro bomba, felizmente, não explodiu. Assim que ouvi os detalhes da tragédia abortada, liguei para a sogra de minha filha. A vibrante senhora é chefe do Departamento de Recursos Humanos da Polícia nova-iorquina. Ela confirmou minhas suspeitas de que as autoridades trabalham com a hipótese mais aceita, de que a tentativa de atentado é obra de algum terrorista doméstico.

Fontes confiáveis do departamento de contra-terrorismo da NYPD, declararam off the record – mas às custas de dois copos de cerveja Guinness no pub irlandês An Beal Bocht, no Bronx, – que a manobra de ataque deve ter partido de algum grupo americano de extrema direita. Gente, diga-se, que apoia entusiasticamente a deportação de imigrantes não documentados.


Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.