Esquerdista não dá sorte mesmo. O novíssimo prefeito de Nova York, Bill de Blasio, estava sendo empossado, na quarta-feira (1), e os meteorologistas corriam às telinhas anunciando nevasca polar para a cidade. O alcaide, sabe-se, é comuna desde criancinha. Passou a lua de mel em Cuba e se elegeu com uma plataforma dita progressista. Para que? De boas intenções, sabe-se, são pavimentados os caminhos do Polo Norte. E dá-lhe gelo no quengo do vermelhinho, que é para mostrar que no chamado coração do Capitalismo a fúria dos elementos está sob o controle de Wall Street.
Uma nevasca nesta cidade que agora está na mão – esquerda – de Bill é capaz de enterrar qualquer administração. Na quinta-feira (2), no começo da rush hour vespertina, começaria a cair algo entre 8 e 10 polegadas de neve sobre Gothan e adjacências. Mais que isso nas adjacências, diga-se, mas esse detalhe ficaria aos cargos de outros prefeitos de fama periférica. Porém quem teria de enfrentar, baixo os holofotes, as investidas de Mamãe Natureza (não sei porque os americanos têm sempre de chamar a Natureza de mamãe), seria mesmo o novo comuna on the block.
Divisões de caminhões tomaram as ruas jogando montanhas de sal no asfalto- num bombardeio de tempero que ocorre anualmente. Mas a gente sabe que não vai adiantar muito: a sopa ficará insossa, como sempre. Vistam-se os patins! E olha que o último prefeito, aquele pequenino tirano de show de marionetes, era inimigo declarado do consumo de sal de cozinha, chegando a passar regulamentação especificando a quantia do produto que se poderia consumir com cada alimento. Talvez tenha sido por essa antipatia ao cloreto de sódio que o mini alcaide tenha deixado a cidade submersa em gelo há dois anos. Minto! Nem toda a metrópole ficou imobilizada na geleira, como um mamute pego no contra-pé na última era glacial. Manhattan recebeu tratamento digno da aristrocacia com direitos exclusivos, que o reizinho ajudou a instalar na área. Ele próprio, pegou seu jatinho particular e foi para Bermudas.
Já o pobre novato de Blasio durante a tempestade de agora, sequer terá chances de ir curtir o aveludado calor de Havana, relembrando suas noites de núpicias no Caribe. Sob um frio de 200 graus negativos ele postou sua mãozona (esquerda) sobre a bíblia que o ex-presidente Franklin Delano Roosevelt ganhou, e jurou sobre, em 1933. Ato contínuo, como uma obra de revolta dos céus, o livro sagrado sumiu. O desaparecimento provocou enorme operação policial para achar a relíquia. Há controvérsias sobre o sucesso dessa empreitada.
E mal empossado o centésimo nono prefeito já se materializaram brigadas de detratores a persegui-lo. Meu amigo James Adelman, um reaça boa praça, disparou ao saber da borrasca que se aproximava: “Esse comuna chegou e já implantou a Sibéria por aqui!”. Sugeriu também que na bandeira da cidade fossem incluídas a foice e o martelo. Argüi que os implementos mais apropriados, no momento, seriam uma pá e uma picareta de quebrar gelo – igual àquela que foi cravada no crânio de Trotsky.
Como eu disse: comuna não dá sorte mesmo. Mesmo quando troca a alcunha de “esquerdista” para a modernidade do “progressista”. Apesar tudo isso: seja bem-vindo prefeito Bill de Blasio. Votei no senhor.
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