As hostes democratas mais afoitas já contam com o proverbial ovo dentro da galinha. Hillary Clinton está livrando vários pontos de vantagem sobre seu rival republicano Donald Trump em pesquisas de âmbito nacional. Tem média de 7 pontos sobre o concorrente. Em Estados chaves – aqueles que podem oscilar entre um ou outro partido – ela está nadando de braçada. Diferenças como 13% na importante Virginia; 14% no Colorado (que costuma pender para o lado republicano); 9% na Carolina do Norte (outro que tende a ser contra os democratas); e 11% na Pensilvânia, fundamental para os planos do milionário nova-iorquino. No entanto, ninguém ganhou nada ainda. As eleições são no dia 8 de novembro (leia aqui a reportagem de Osmar Freitas Jr. sobre Donald Trump publicada na edição 109 da Brasileiros, que acaba de chegar às bancas).
Até lá, como se disse aqui e em outros veículos, tudo pode mudar. O pessoal top da campanha de Hillary sabe disso. A estratégia é deixar Trump falar, ficar o mais tempo possível sob os holofotes, e manter a democrata correndo por fora. Por enquanto está dando certo: cada vez que o republicano abre a boca – para desespero de seus aliados – ele cria nova polêmica absurda, ao invés de falar sobre planos concretos de governo e atacar a oponente em pontos vulneráveis.
Pontos vulneráveis são o que não falta em Clinton. Com a exposição de seus e-mails (alojados em servidor particular, aos invés do operador governamental, quando era Secretária de Estado). Hackers russos, à serviço do governo Putin, invadiram outros sites e também divulgaram textos embaraçosos do Comitê Nacional Democrata e sua preferência por Hillary nas primárias do partido. O serviço de Inteligência cibernética russo promete mais estragos. O fundador do site Wikileaks, Julian Assange- em parceria com Putin- garantiu que antes de novembro vem mais bomba.
Três membros da equipe de campanha da democrata no QG do Brooklyn, em Nova York, disseram a esta coluna que há fortes razões para temer uma “surpresa de outubro” (um torpedo capaz de naufragar a nau do partido e que em toda eleição ameaça um ou outro candidato). “Nunca se sabe o que será, mas estamos preparando várias alternativas de respostas. É bem possível que eles incluam textos falsos na fornada”, disse Martin Canova, marqueteiro democrata.
Fora isso, claro, existe o perigo dos debates- três: em 26 de setembro e 4 e 9 de outubro. Clinton é do tipo “primeira aluna da classe”, sempre com as matérias na ponta da língua. Mas como debater alguém com o estilo Trump: grosseiro, foge das perguntas, mente ou divulga falsidades e interrompe o adversário sempre. O que dirá a democrata quando o republicano a chamar em rede nacional de “Crooked Hillary” (algo como Hillary Vigarista)? Quantos pontos ela pode ganhar ou perder se resolver lutar na lama?
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