O bilionário Donald Trump, presumido nomeado à candidatura republicana à Presidência, saiu em busca de dinheiro para financiar sua campanha. Demorou duas semanas para amealhar cerca de US$ 1.5 milhão. Para se ter uma ideia comparativa sobre coleta de fundos, basta dizer que o espetáculo “Hamilton” – maior vencedor do Prêmio Tony, o Oscar do Teatro americano- faturou a mesma quantia em apenas uma semana. Está muito mal a carteira do candidato: tinha ao final da semana passada apenas US$ 1.3 milhão para gastar.
Num périplo para arrecadar fundos, Trump foi exatamente aos Estados generosos em contribuições aos republicanos como o Texas, por exemplo. Local onde estão os dólares, mas que são inócuos na questão de comícios. Todo mundo sabe que o partido vai levantar maioria dos votos nesses lugares. Subir no palanque na Geórgia é pregar aos convertidos. O candidato deveria estar perambulando em Estados onde a briga contra os democratas está parelha. Hillary Clinton, por exemplo, foi a New Hampshire, Colorado e Pensilvânia para acavalar eleitores. É nestes palcos de operações que se determinará quem vai para a Casa Branca.
Trump, porém, pode estar com a carteira de campanha vazia, mas o pouco que arrecadou valeu para que ele pagasse mais de US$ 1 milhão para seus filhos- que o assessoram- e também à algumas de suas empresas que trabalham por sua eleição. Ou seja: tirou grana da máquina política para satisfazer interesses pessoais particulares. Os doadores, que estão de mãos fechadas, não gostaram nem um pouco.
As pesquisas de opinião apontam Hillary Clinton na dianteira com médias que vão de 4 pontos percentuais até somas de dois dígitos, dependendo de quem fez as coletas. Nas últimas três semanas, devido a uma série inacreditável de besteiras ditas por Trump, o Partido Republicano passou a fazer enorme pressão para que seu candidato passasse a operar uma campanha mais profissional, com gente experiente em eleições presidenciais. Baixou-se uma espécie de censura à furiosa oratória do bilionário. Logo após ter enfiado os pés pelas mãos em suas declarações sobre o atentado terrorista em Orlando, o tom dos discursos passou a ter a ajuda de escritores profissionais e do valioso teleprompter. Nada mais de improvisos.
Mas Trump é Trump e a todo momento, quando está fora do alcance do teleprompter, o homem tem recaídas. Em visita a um de seus campos de golfe na Escócia, logo após as eleições britânicas que determinaram a saída do Reino Unido da União Europeia, o candidato republicano não apenas elogiou a decisão, como se gabou de que seus resorts na região vão faturar alto. No dia seguinte a Bolsa de Valores de Nova York caiu 600 pontos e os economistas alardearam que o divórcio na Europa irá causar grandes prejuízos para os Estados Unidos, incluindo nisso a possibilidade de uma recessão. Ninguém entendeu direito o que o republicano foi fazer nas terras escocesas.
Existe um novo embrião de tentativa de golpe na convenção republicana. Um grupo de descontentes tenta arranjar legalismos para que delegados se recusem a dar seus votos a Trump. Seria, claro, uma traição ao voto popular. Mas nessa altura do campeonato o medo no partido é que com a cabeça de chapa contendo o nova-iorquino falastrão, os candidatos a cargos legislativos sofrerão derrotas em novembro. Há democratas otimistas que se arriscam a prever nova maioria do partido na Câmara e no Senado. Os analistas mais frios dizem que isso será muito difícil de acontecer, mas não negam que haverá muitas perdas republicanas no Legislativo. Quanto aos golpistas, as opiniões mais sensatas não acreditam no sucesso da empreitada. O candidato, para o bem ou para o mal, é Donald J. Trump.
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