Agosto, mês sinistro para presidentes do Brasil

Embarque do corpo de Getúlio Vargas para São Borja (RS) - Foto: Reprodução
Embarque do corpo de Getúlio Vargas para São Borja (RS) – Foto: Reprodução

Coincidência ou não, agosto é o mês mais nefasto para presidentes, ex-presidentes e até para ditadores e presidenciáveis brasileiros. A sequência trágica começou às 8h30 da terça-feira 24 de agosto de 1954, quando um tiro de um revólver Cold calibre 32 ecoou pelo Palácio do Catete, a sede do governo federal no Rio de Janeiro, então capital do País.

Com um disparo certeiro no coração, Getúlio agonizava no momento em que sua filha e assessora Alzira entrou no quarto, no terceiro andar do palácio. Poucos minutos depois, Getúlio morreu. No auge de uma crise política sem precedentes, ele preferiu se matar a renunciar, como queriam as Forças Armadas. Anunciada pelas emissoras de rádio, a morte abalou o País.

Não demorou para uma multidão ocupar as imediações do palácio, em homenagem ao presidente que tinha modernizado o Brasil e ganhado fama como “pai dos pobres”. Ao mesmo tempo, redações de jornais e emissoras que faziam campanha contra ele foram atacadas. E mais: com o suicídio de Getúlio, o golpe militar em andamento acabou adiado.

Sete anos depois, na sexta-feira 25 de agosto de 1961, o presidente Jânio Quadros surpreendeu meio mundo ao despachar para o Congresso Nacional uma carta de renúncia, afirmando que “forças terríveis” haviam se levantado contra ele. Até hoje suspeita-se que Jânio esperava grande reação à sua renúncia para voltar ao poder mais forte, aclamado pelo povo.

Juscelino Kubitschek, que presidiu o Brasil depois de Getúlio e antes de Jânio, morreu no domingo 22 de agosto de 1976, em acidente de carro na rodovia Dutra, entre São Paulo e Rio de Janeiro. Ao volante do Opala ocupado por Juscelino estava Geraldo Ribeiro, seu motorista havia 36 anos. Os dois morreram na hora. Há dúvidas sobre a causa do acidente.

A suspeita de que o desastre teria sido provocado deve-se ao fato de Juscelino estar na mira dos militares que tomaram o poder em 1964. Defensor da redemocratização, o ex-presidente era monitorado por agentes de segurança. Eram tempos da Operação Condor, a aliança clandestina das ditaduras militares do Cone Sul para monitorar e eliminar seus adversários.

Trinta e um anos depois da redemocratização, Dilma Rousseff foi afastada do Palácio do Planalto na quarta-feira 31 de agosto de 2016, depois de uma nova modalidade de golpe, desfechado pelo Congresso Nacional. A arquitetura desse golpe parlamentar envolveu um processo de impeachment, aprovado no Senado por 61 votos contra 20.

Agosto é trágico até para candidatos a presidente e ditadores. O presidenciável Eduardo Campos morreu na quinta-feira 13 de agosto de 2014, em plena campanha eleitoral, em um acidente aéreo. Já o general-ditador Artur da Costa e Silva sofreu uma trombose no domingo 31 de agosto de 1969. Afastado do poder, foi substituído por uma junta militar que entrou para a história como Os Três Patetas.

 


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