Quem são as mulheres do crowdfunding para Dilma

Dilma, Guiomar e Celeste fichadas pela repressão política - Foto: Reprodução
Dilma, Guiomar e Celeste, fichadas pela repressão política – Foto: Reprodução

Guiomar Silva Lopes e Maria Celeste Martins, duas das mais discretas ex-companheiras de cadeia de Dilma Rousseff, estão à frente do projeto Jornada pela Democracia, que arrecadou em apenas dois dias R$ 500 mil na plataforma de crowdfunding Catarse. As doações, que não param de aumentar, financiam os deslocamentos da presidenta afastada pelo Brasil.

As três são muito próximas desde os anos 1970, quando estiveram encarceradas no Presídio Tiradentes, em São Paulo. Inaugurado em 1852, para condenados à pena de trabalhos forçados, o presídio foi demolido em 1973. Havia uma construção circular que abrigou as presas políticas e acabou conhecida como Torre das Donzelas.

Na torre encravada no edifício do canto inferior direito ficavam as presas políticas - Foto: Reprodução
Na torre encravada no edifício do canto inferior direito ficavam as presas políticas – Foto: Reprodução

Quando chegou à Torre, Guiomar estava com o corpo quase todo engessado. Paulistana, estudante do quarto ano de Medicina, ela era um dos principais quadros da Ação Libertadora Nacional, a organização de Carlos Marighella. Presa por homens da Operação Bandeirantes (Oban), começou a ser espancada ainda na rua.

Desde o primeiro momento, Guiomar se convenceu de que a saída seria se matar. A oportunidade surgiu na sequência das torturas na sede da Oban, quando foi levada para o Hospital das Clínicas. Os torturadores queriam mantê-la viva. No hospital, Guiomar se atirou do quarto andar, mas a queda foi amortecida por um telhado no primeiro piso.

Dilma e Celeste também desceram ao inferno depois de serem presas. Elas se conheceram na época em que participaram da mesma organização, a Var-Palmares, junto com o capitão Carlos Lamarca. Gaúcha de Caxias do Sul, a geógrafa Celeste vivia em Porto Alegre e foi deslocada para São Paulo em 1969, onde chegou a dividir um quarto de pensão com Dilma.

Elas conheceram Guiomar na Torre, onde pelo menos 90 mulheres estiveram presas, em diferentes momentos, de 1969 a 1973. Entre elas, não faltou solidariedade. Do apoio afetivo àquelas que estavam mais fragilizadas à produção e venda de trabalhos manuais para ajudar as famílias que passavam por dificuldades financeiras. Não por acaso, Guiomar e Celeste estão hoje à frente do crowdfunding para Dilma. Elas falam do projeto no vídeo que pode ser acessado no link abaixo.


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