“Em tudo o que escrevi – poesia ou prosa – existe uma unidade em que a comunidade de propósitos e a práxis se entrelaçaram…”
Luiz Alberto de Moniz Bandeira, nascido em Salvador, Bahia, em 1935, é bacharel em Direito, doutor em Ciências Políticas pela Universidade de São Paulo, professor e conferencista. Entre mais de 20 obras, destacamos: Presença dos Estados Unidos no Brasil – Dois Séculos de História, O Governo J. Goulart – As Lutas Sociais no Brasil (1962-1964), e os livros de poesia Verticais (1956), Retrato e Tempo (1960) e Poética (2007).
Moniz, de família política, do Direito e do Jornalismo, mora na Alemanha, em Heidelberg, com sua mulher e filho, onde é cônsul honorário. Indicado pela União Brasileira dos Escritores (UBE) ao Nobel de Literatura deste ano, tem como um dos eixos de sua obra as relações internacionais, principalmente aquelas que envolvem Brasil, América Latina e Estados Unidos.
A Brasileiros falou com ele: “Minha obra poética é pequena. Comecei a escrever versos (e prosa) aos 14, 15 anos. Convivi com todos os poetas, inclusive o grande simbolista Arthur de Salles, José Luiz de Carvalho Filho, Elpidio Bastos e outros, e me transferi para o Rio de Janeiro com 18, 19 anos. Mantive relações de amizade com Augusto Frederico Schmidt, Manuel Bandeira (que apresentou meus livros na Academia Brasileira de Letras), Carlos Drummond de Andrade e outros. Comecei a publicar no A Tarde e no Diário da Bahia, aos 16 anos. Niomar Moniz Sodré, prima, viu meus poemas, pediu-me para publicar no Correio da Manhã, do Rio de Janeiro, aos 17 anos. Schmidt indicou-me para o Serviço de Documentação do Ministério da Educação. Verticais, em 1956, foi publicado aos 20 anos. A Editora Progresso, da Bahia, publicou Retrato e Tempo, em 1960. Em 1961, publiquei Ode a Cuba, com a Editora Germinal, traduzida para o espanhol por Felix Pitta Rodrigues, para a Revista Bohemia, de Havana. Traduzi Caim, de Lord Byron, e Poemas do Cárcere, de Ho Chi Minh”.
Florisvaldo Mattos, amigo, poeta, forma- do em Direito pela UFBA, autor da orelha de Poética, diz: “Eu e Moniz fomos contem- porâneos, de 1952 – um jovem poeta, escrevia e declamava, a compor o perfil de ativo militante de contendas. Vem da aristocracia portuguesa e baiana, na qual desponta- va inclusive os Garcia D’Ávila, da Casa da Torre. Talvez aí esteja a sua vocação pela ciência política”.
Em prefácio à Poética, diz Mário Hélio Gomes de Lima: “Não, não há distinção entre o Moniz lírico daquele que une de modo tão original, quanto preciso, os heróis da restauração pernambucana com os guerrilheiros do Vietnã. As lutas do passado e do presente se encontram”.
O poeta hoje
O poeta hoje não cantará heróis nem símbolos À dor dos séculos os mortos despertaram Incendeiam-se mares, florestas e montanhas, e marcha pela madrugada o exército dos sem rostos.
O poeta hoje não cantará heróis nem símbolos. Traz no peito a angústia das máquinas. Travam-lhe a garganta baionetas sem lua. Rompe nas suas mãos um sol feito de sangue e os cavalos da fome puxam o carro da aurora.
O poeta hoje não cantará nem símbolos.
*É paraibano, mestre e doutor pela ECA-USP. Professor de Teoria Literária em universidades privadas e consultor editorial da área de Literatura, além de contista e poeta com livros publicados (paulovasconcelos@brasileiros.com.br).
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