Quinta-feira, 2 de abril de 1964

villa_diario do golpe
Agente da CIA avisa que “presidente deposto do Brasil” deixou Porto Alegre

O presidente João Goulart desembarcou em Porto Alegre pouco antes das 4 horas da madrugada. A ideia era chegar na noite do dia anterior, mas o avião da Varig reservado para o trajeto teria entrado em pane. Depois de esperar duas horas pelo reparo, João Goulart concluiu que o aparelho estava sabotado. Se continuasse no aeroporto de Brasília, seria preso. Embarcou então em um Avro turboélice da Força Aérea Brasileira (FAB).

O avião levou cinco horas para chegar à capital gaúcha. Enquanto João Goulart voava, o Congresso Nacional providenciou a deposição do presidente. Em sessão convocada para as 2 horas da madrugada, o presidente do Senado, Auro de Moura Andrade, declarou vaga a Presidência. Na sequência, convocou o presidente da Câmara, Ranieri Mazzilli, para ocupar o posto.

Uma declaração deixada por João Goulart, comunicando que estaria em Porto Alegre, foi lida no plenário, mas não alterou a estratégia dos parlamentares favoráveis ao golpe. Para evitar questionamentos, Moura Andrade mandou desligar os microfones e a luz do plenário. Mazzilli foi empossado presidente na calada da noite, no Palácio do Planalto.

Naquela mesma madrugada, as tropas do general Mourão Filho entraram finalmente no Rio de Janeiro. Em vez de ocupar o Ministério da Guerra, como havia planejado, o general levou seus homens para as proximidades do Maracanã. Naquela altura, o general Costa e Silva tinha se autoproclamado ministro da Guerra e se instalado no prédio do ministério.

Em Porto Alegre, ao encontrar o Exército dividido, João Goulart desistiu de vez de reagir ao golpe civil-militar. Não queria uma guerra civil, muito menos com um dos lados apoiados por uma potência estrangeira. O governo dos Estados Unidos, aliás, reconheceu oficialmente o novo regime brasileiro ainda naquela quinta-feira 2 de abril.

Lotado em Porto Alegre, um agente da CIA tinha mandado um telegrama a seu governo, avisando que João Goulart, “presidente deposto do Brasil”, deixara Porto Alegre, rumo a Montevidéu, no Uruguai, por volta das 13 horas. O presidente deposto, na verdade, ainda circulou dois dias por suas estâncias gaúchas. Só se exilou no Uruguai a partir do sábado, dia 4. 

Quando João Goulart ainda estava em Porto Alegre, um de seus mais ruidosos adversários, o governador Carlos Lacerda, procurou o comando militar para propor a realização imediata de eleições para presidente. Não foi levado em consideração. Na semana seguinte, um acuado Congresso Nacional elegeu como presidente o marechal Humberto de Castello Branco.

Castello Branco deveria ocupar o Palácio do Planalto até janeiro de 1966, quando tomaria posse o presidente escolhido pelas urnas, em eleições previstas para outubro de 1965. Não foi assim que aconteceu. O mandato do militar foi prorrogado, as eleições livres de 1965 acabaram canceladas, e os militares só deixaram o poder 21 anos depois.

O Brasil virou dono de uma contabilidade cruel. Apenas entre março e agosto de 1964, 50 mil brasileiros foram presos. Durante a ditadura militar, dez mil pessoas sofreram torturas nos porões do regime e mais de 400 foram mortas. Delas, 144 são consideradas desaparecidos políticos, pois seus corpos jamais foram encontrados.

Ouça o senador Auro de Moura Andrade declarar vaga a Presidência, às 2 horas da madrugada de 2 de abril, quando João Goulart estava no Brasil:

 

 


Comentários

2 respostas para “Quinta-feira, 2 de abril de 1964”

  1. Avatar de Mauro V. Bueno Jr.
    Mauro V. Bueno Jr.

    Jair Bolsonaro 2018!

  2. VIVA O REGIME MILITAR DE 64!
    SOLDADOS QUE LIVRARAM A NOSSA SOCIEDADE DA DITADURA DO PROLETARIADO, QUE ESTUDANTES E PROFESSORES MARXISTAS QUERIAM IMPLANTAR NO BRASIL.

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