Pão, queijo e mortadela. Centenas de marinheiros rebelados começaram a manhã recebendo um apoio substancial. A solidariedade em forma de alimento chegou por volta das 7 horas, oferecida por mulheres da Liga Feminina da Guanabara, vinculada ao Partido Comunista Brasileiro. Uma hora depois, elas ainda estavam nas imediações quando 200 fuzileiros navais despachados pelo ministro da Marinha cercaram o prédio.
Os fuzileiros destacados para ocupar a calçada em frente ao prédio foram recebidos com o Hino Nacional pelos marinheiros rebelados. O convite para aderir ao movimento, por sua vez, era repetido por meio de alto-falantes. Às 11 horas, um fuzileiro colocou as armas, o capacete e o cinto no chão. Entrou no prédio debaixo de aplausos dos colegas rebelados e de civis que acompanhavam o movimento à distância.
Bastou o primeiro fuzileiro aderir à rebelião, para uma sucessão de armas, capacetes e cintos serem colocados no chão. Com a adesão dos fuzileiros navais, o Exército entrou no embate. Para apoiar o comando da Marinha, despachou até tanques de guerra para a região. Depois de várias tentativas de negociação no decorrer do dia, os rebelados decidiram que continuariam no interior do prédio.
Naquela altura, o presidente João Goulart estava no Sul, onde tinha planejado passar a Semana Santa. O ministro da Guerra, Jair Dantas Ribeiro, tinha se submetido a uma cirurgia e encontrava-se internado em um hospital. No final da noite, os rebelados anunciaram as condições para encerrar o movimento: libertação dos colegas presos, não punição dos revoltosos, reconhecimento de sua associação, humanização da Marinha e melhoria da alimentação a bordo dos navios e nos quartéis.
Nas esquinas e bares de Copacabana, a crise na Marinha dominava as conversas. Outro assunto ainda em pauta era o biquíni. Lançado em Paris em 1946, o biquíni tinha chegado ao Brasil no final dos anos 1950, com as vedetes Carmem Verônica e Norma Tamar atraindo todas as atenções ao exibir o traje, na praia em frente ao Copacabana Palace Hotel. Em março de 1964, não causava tanto frisson, mas a marchinha Garota Biquíni, gravada por Marlene para o Carnaval, continuava a fazer sucesso no rádio.
Confira a marchinha Garota Biquíni, por Marlene:
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